O “Efeito Dominó” da Primeira Infância: como investimentos geram impactos duradouros



Sempre que penso na primeira infância, o conceito de efeito dominó me vem à mente. Ele sugere que um efeito pode ser a causa de outro, desencadeando uma série de
acontecimentos que podem durar por médio, longo ou até infinito prazo. Esse efeito pode ser tanto positivo quanto negativo — e, no contexto da primeira infância,
especialmente em famílias em situação de vulnerabilidade social, ele está diretamente ligado às políticas e programas que promovam o desenvolvimento integral e a
proteção de nossas crianças.

Estamos bem amparados por dados e pesquisas que comprovam os benefícios dos investimentos na primeira infância. A seguir, vou listar algumas dessas evidências para caminharmos juntos nessa reflexão.

A primeira delas é neurológica, ligada à plasticidade cerebral e à incrível capacidade de formar conexões. Nos primeiros seis anos de vida, nosso cérebro realiza cerca de 1 milhão de sinapses por segundo. Ao final desse período, 90% das conexões neuronais já estarão estabelecidas. E engana-se quem pensa que essas conexões estão
relacionadas apenas a aspectos cognitivos. Elas abrangem tudo: aspectos motores, cognitivos e socioemocionais, que moldam habilidades como resiliência, capacidade de tomar decisões, resolver conflitos e se adaptar a novos cenários. Em outras palavras, trata-se de uma valiosa e decisiva janela de oportunidade para o desenvolvimento da criança — e para a formação do jovem e do adulto que ela se tornará.


O segundo ponto é econômico. Investir na primeira infância é uma ferramenta poderosa para combater desigualdades sociais e romper o ciclo intergeracional de
pobreza. Um estudo da Universidade das Índias Orientais traz dados que funcionam como parâmetro para países em desenvolvimento. Ele mostra que cuidados na
primeira infância se traduzem em maior escolaridade e salários 25% mais altos, além de reduzir casos de depressão e a participação de adolescentes em atividades ilegais.

O economista James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000, também destaca o impacto econômico: cada dólar investido na primeira infância
retorna até sete vezes à sociedade, considerando aumento da escolaridade e do desempenho profissional, e a redução dos custos com reforço escolar, saúde e até
mesmo com o sistema de justiça penal.

Um documento de trabalho divulgado em 2020 pelo Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard apenas reforça esse entendimento. O levantamento indicou que a adversidade excessiva e contínua na primeira infância, especialmente em contextos de pobreza intergeracional ou racismo sistêmico, é capaz de sobrecarregar ou interromper o sistema cardiometabólico da criança, levando às consequências já descritas: prejuízos econômicos e intelectuais, reflexo em taxas de criminalidade e
aumento dos custos com saúde.

O ambiente de convívio na primeira infância é determinante para o desenvolvimento da criança e de quem ela será no futuro — e esse ambiente não se restringe à moradia, mas inclui também a unidade educacional à qual a criança tem acesso, a comunidade onde está inserida, e todos os vínculos e referências que podem ser construídos.
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Os cinco componentes definidos no modelo Nurturing Care de Cuidado Integral, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde, Unicef e Banco Mundial, são saúde, nutrição, segurança e proteção, parentalidade positiva e educação infantil. Crianças que não são devidamente cuidadas e estimuladas na primeira infância chegam à juventude sem preparo emocional, com a autoestima fragilizada, desconhecendo seus pontos fortes e sem recursos suficientes para participar de entrevistas de trabalho e/ou traçar um plano de vida. Apenas seguem conforme a maré decidir.

Mas sabemos que elas merecem mais: podem assumir o protagonismo de suas vidas, ser cidadãos responsáveis e atuantes. Para nós, da United Way Brasil, está claro que não há como falar de primeira infância sem falar de juventudes. Estão intrinsecamente ligadas. E é exatamente por isso que optamos por desenvolver programas nesses dois pilares: o Crescer Aprendendo, focado na Primeira Infância, o Competências para a Vida e o Juventudes Potentes, ambos voltados à adolescência e juventude.

A falta de atenção dada à primeira infância até bem recentemente certamente levou ao gargalo que vemos agora na juventude. De acordo com dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30,3% dos jovens entre 18 e 24 anos estão desempregados. A entrada desses jovens no mercado pode elevar o PIB brasileiro. Um dado do IBGE de 2022 indica que se todos os jovens trabalhassem à época, teríamos um aumento de 0,46 ponto percentual no PIB.

Uma pesquisa realizada por nós no Juventudes Potentes e divulgada em maio deste ano mostra como é difícil que as oportunidades cheguem aos jovens em situação mais vulnerável, mesmo após a instauração da Lei do Aprendiz há quase 25 anos. No levantamento, ouvimos 600 pessoas das regiões Sul e Leste da capital, e um dado que chama muito a atenção é que apesar de 60,4% dos paulistanos com idade entre 15 e 24 anos terem interesse em atuar como jovem-aprendiz, apenas 1,5% conseguem. Dos entrevistados, 25% nunca souberam de oportunidades na categoria.

A percepção da equipe que coordena o programa é de que o acesso ainda é difícil especialmente para jovens com menor renda familiar e que moram em periferias mais distantes. Ou por falta de informação, ou por não saber que esse direito existe (alguns pensam que é necessário comprovar renda para se candidatar a uma vaga de Jovem Aprendiz) e às vezes até pela dificuldade de se conectar à internet para participar de processos seletivos.

Por essas razões, a UWB segue, há 23 anos, na missão de ampliar o poder de escolha para crianças e jovens. Acreditamos que unindo forças – organizações da sociedade civil, políticas públicas e apoio das empresas, podemos potencializar oportunidades para todos e todas, diminuindo as desigualdades de nosso país. Vamos juntos?


Autora: Gabriella Bighetti – CEO da United Way Brasil

Abril verde: crianças têm direitos e nós devemos garanti-los

Na última etapa de nossa campanha #ColorindoOCuidadoNaPrimeiraInfância, realizada sob o âmbito da parceria do Programa Crescer Aprendendo com o Condeca, vamos falar de um assunto que merece total atenção: os direitos que crianças devem acessar para que possam se desenvolver integralmente. Somos nós, adultos, quem devemos atuar para que tais direitos sejam garantidos. Por isso, escolhemos esse tema para encerrar nossa campanha, afinal, sem direitos não há justiça, dignidade e equidade.

Você sabia que no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 está definido que a criança deve ser prioridade para a família, sociedade e Estado? São estes três entes que precisam garantir a ela o direito à vida, saúde, alimentação, ao lazer, à educação, cultura, ao respeito, à liberdade e convivência familiar e comunitária.

O fato é que ainda vemos acontecer muitas violações dos direitos das crianças assim como atos de violência, que acontecem em diferentes fases da infância e em vários ambientes, inclusive em algumas famílias.

Mas como as famílias podem garantir esses direitos?

O primeiro passo consiste em conhecê-los para depois juntarem-se a outras pessoas da comunidade para discutir as dificuldades e potencialidades que afetam a todos. Por exemplo, as famílias e suas crianças precisam ter acesso a diversos recursos, como praças, jardins, parques e outros espaços públicos limpos e seguros para brincar; ter bibliotecas, centros culturais e comunitários com atividades infantis; uma rede de saúde abrangente; creches, pré-escolas e escolas; alimentação adequada e água potável.

Por isso, as articulações entre as famílias da comunidade precisam se concentrar no acesso e na qualidade desses serviços.

Sobre o direito à saúde

Nós já abordamos este tema, durante nossa campanha, no mês de fevereiro, mas vale reforçar que a criança deve acessar o direito à saúde desde sua concepção, tendo qualidade na assistência pré-natal, que não contribui apenas para o bem-estar da mãe, mas também para o desenvolvimento saudável do bebê.

Dar condições para que toda e qualquer criança nasça em um parto humanizado e bem realizado é proporcionar igualdade de oportunidades desde o início da vida.

Sobre o direito à educação

Toda criança tem o direito de frequentar a creche e a escola para acessar e potencializar os seis direitos de aprendizagem, definidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Ela precisa conviver com outras crianças e adultos para utilizar diferentes linguagens, ampliando o conhecimento sobre si e o outro e o respeito às diferenças

A criança deve brincar em diferentes espaços, com outras crianças e com adultos, para ampliar seus conhecimentos, suas experiências, sua imaginação e criatividade.

A criança também tem de participar, com adultos e outras crianças, do planejamento da gestão da escola e das atividades que irá realizar, como escolher as brincadeiras, os materiais, aprendendo a se posicionar.

Ela precisa explorar, por exemplo, movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, histórias, elementos da natureza, para ampliar seus saberes sobre a cultura.

É importante que a criança aprenda a se expressar suas necessidades, sentimentos e opiniões por meio de diferentes linguagens.

Por fim, a criança precisa se conhecer e construir sua identidade pessoal, social e cultural para construir uma imagem positiva de si e de seus grupos sociais.

Sobre o direito à proteção

Proteger significa cuidar de forma intencional, livrando a criança de qualquer tipo de violência ou negligência. Mas, infelizmente, é comum a criança sofrer violência por parte das pessoas que convivem com ela, em especial, dos adultos. Muitas vezes, essas pessoas agem dessa forma porque acham que estão educando. Mas bater, gritar, humilhar os pequenos são formas de agressão, que têm impacto negativo na autoestima e no desenvolvimento infantil.

Também cabe à família proteger a criança de acidentes, começando no ambiente de casa. É preciso estar atento a elementos prejudiciais aos pequenos, como objetos que podem ser engolidos, líquidos coloridos e texturas diversas. À medida que o bebê cresce e se movimenta mais, os riscos de acidentes aumentam proporcionalmente.

A quem recorrer para conseguir acessar os direitos

Em primeira instância, é a prefeitura quem deve atender às demandas da comunidade, no entanto, quando isso não acontece, as famílias precisam procurar os conselhos municipais e os promotores de justiça para garantir seus direitos.

Dentre os órgãos que se dedicam à garantia de direitos está o Conselho Tutelar, a Vara da Infância, a Defensoria Pública, as secretarias de educação e de assistência social. Endereços e formas de contato com esses equipamentos públicos são encontrados no site da prefeitura. É fundamental que sejam acionados sempre que se perceber que um direito da criança está sendo violado. Só desta forma vamos cumprir o nosso dever de cuidar e proteger a criança para que tenha uma vida plena e digna.

No Crescer Aprendendo, programa implementado pela United Way Brasil (UWB), a garantia de direitos é tema das conversas e dos conteúdos compartilhados com as famílias participantes. Temos o compromisso de apoiá-las para que conheçam que direitos são esses e como acessá-los. Este é um dos propósitos que fortalecem nossa parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca-SP), financiada com o direcionamento do Imposto de Renda das empresas Caterpillar, Elanco, Escola Móbile, Lear, O-I, Sanofi e 3M. Até abril de 2024, 450 famílias em situação de vulnerabilidade social, da região do Campo Limpo, Jardim Ângela e Parque Santo Antônio, em São Paulo, serão beneficiadas com segurança alimentar, apoio psicológico e formação sobre temas essenciais para fortalecer o bem-estar de suas(seus) filhas(os).

Encerramos a nossa campanha #ColorindoOCuidadoNaPrimeiraInfância com um convite à reflexão: estamos cumprindo o nosso papel de garantir os direitos de nossas crianças? Esta é a nossa missão coletiva, por isso, vamos juntos fortalecer o cuidado e a proteção às crianças para que cresçam e se tornem adultos comprometidos com uma sociedade que acolha e cuide de cada pessoa, sem deixar ninguém para trás.

GPTW divulga rankings de empresas focadas em ações para as novas gerações

Nesta quarta-feira (10), o Great Place to Work (GPTW) divulgou o ranking de Diversidade, Equidade e Inclusão e a UWB esteve presente, mais uma vez, especialmente para prestigiar e reconhecer as empresas que foram destaques em iniciativas voltadas à Primeira Infância e para a juventude periférica.

Desde 2019, a UWB é a parceira de criação do ranking Primeira Infância do GPTW, e atua como consultora para avaliar as empresas que têm políticas e práticas para apoiar seus colaboradores que são pais e mães. Para a gerente de Programas de Impacto Social da UWB, Paula Crenn, essa premiação é um passo importante para a discussão e a garantia de processos humanizados e inclusivos aos pais e comunidade.

“É uma honra chegarmos ao 5º ano da categoria de Atenção à Primeira Infância, uma parceria da UWB, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e GPTW que reconhece empresas que têm práticas ou políticas direcionadas para crianças de 0 à 6 anos,  que estão ligadas diretamente aos pais ou cuidadores, seus colaboradores ou a comunidade local. As práticas como licença parental estendida, ações de formação com os cuidados na primeira infância, apoio financeiro ou acompanhamento com especialistas, cuidados com a volta especialmente da mãe após licença maternidade, campanhas internas e apoio na melhora da educação infantil de escolas no entorno, são alguns exemplos destas ações tão importantes para apoiar o desenvolvimento infantil”, menciona Paula Crenn.

Em 2023, a UWB também foi responsável pelo lançamento da categoria Jovens-potência, para avaliar empresas que têm práticas para inclusão produtiva de jovens da comunidade periférica.

O lançamento da categoria `Melhores Empresas para Trabalhar – Jovens Potência` foi um ganho para todo o ecossistema de inclusão produtiva jovem. Através desta premiação, construída em parceria com a GPTW e toda a nossa rede, pudemos, como parceiros técnicos, avaliar 98 empresas e reconhecer 15, dando destaque para as melhores práticas em garantir a atração e a permanência de jovens de baixa renda em organizações de grande, médio e pequeno porte”, conta a gerente do Programa Juventudes Potentes, Nayara Bazzoli.

Para Nayara, esta premiação é uma forma de colocar luz no tema e incentivar para que cada vez mais empresas se responsabilizem por aprimorar suas políticas e práticas pelas juventudes. “Este foi só o começo!”, afirma.

Confira os ganhadores de cada categoria:

Atenção à Primeira Infância (Pequenas, Médias e Grandes Empresas)

1. Zurich Seguros

2. Accenture do Brasil

3. Grupo Cataratas

4. Avanade

5. Banco PAN

6. Liberty Seguros S/A

7. Eurofarma Laboratórios S/A

8. Astellas Farma Brasil Importação e Distribuição de Medicamentes Ltda.

9. Hospital Albert Einstein

10. IBM Brasil

Jovens-Potência – Pequenas Empresas (30 a 99 colaboradores)

1. BMG Seguridade

2. Agência Yooper Digital Marketing

3. Neon Comercial Reagentes Analíticos

Jovens-Potência – Médias Empresas (100 a 999 colaboradores)

1. Youx Group

2. Pague Veloz

3. Grupo Cataratas

4. Aqia Química Inovativa

5. Zurich Santander Seguros e Previdência

6. Box Print

Jovens-Potência – Grandes Empresas (acima de 1000 colaboradores)

1. Avanade

2. Accenture do Brasil

3. Sylvamo

4. Arcos Dorados

5. Dow

6. Capgemini Brasil

“É uma grande satisfação ver tantas empresas que seguem comprometidas por mais um ano em contribuir para o desenvolvimento de crianças e seus familiares, com iniciativas que vão além de expectativas relacionadas à uma gestão humanizada. Empresas como Grupo Cataratas, Avanade, Eurofarma Laboratórios, Astellas Farma Brasil e IBM Brasil, por exemplo, figuram novamente no ranking de Atenção à Primeira Infância”, celebra a diretora executiva, Gabriella Bighetti.

As empresas certificadas que participam do ranking DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão) do GPTW são submetidas a critérios específicos de classificação e respondem a questionários especiais para avaliar políticas, programas e práticas de apoio à diversidade e inclusão, e também à aplicação dessas práticas ao restante da cadeia produtiva.

Para apoiar o desenvolvimento de ações inclusivas nos ambientes corporativos, a UWB desenvolveu um guia. Clique aqui para baixá-lo.

Março roxo: por que o uso de telas pode ser prejudicial à saúde integral da criança?

Voltamos à nossa campanha #ColorindoOCuidadoNaPrimeiraInfância, realizada sob o âmbito da parceria do Programa Crescer Aprendendo com o Condeca, para tratar de um assunto que preocupa especialistas, pais e responsáveis pela criança pequena: quais os limites de uso de telas na infância? Escolhemos o tema para marcar o mês, porque as ferramentas tecnológicas estão cada dia mais presentes em nossas vidas. Saber como utilizá-las é imprescindível para fazer combinados e orientar os pequenos, sem prejuízos ao seu pleno desenvolvimento.

Menos telas e mais brincar livre. Isto mesmo! Este é nosso alerta diante da realidade que temos presenciado, com o uso excessivo das telas pelas crianças, um problema que se agravou com a pandemia da Covid-19 e que tem se tornado uma questão que precisa ser discutida, com a finalidade de prevenir possíveis impactos negativos no período de 0 a 6 anos, principalmente.

As experiências online têm ocupado o lugar do brincar na natureza, o que é um sério problema, especialmente na primeira infância, fase em que as conexões cerebrais e o desenvolvimento infantil estão em ascendência. Especialistas chamam o fenômeno da exposição excessiva de crianças a computadores, celulares e TV de intoxicação digital infantil. Segundo dados da pesquisa Tic Kids Online Brasil 2019, naquele ano, 89% da população entre 9 e 17 anos era usuária de Internet, o que correspondia a cerca de 24 milhões de crianças e adolescentes, dos quais 95% tinham no telefone celular o dispositivo de acesso à rede.

Existem alguns fatores que contribuem para o excesso de telas, dentre eles a precariedade de espaços de lazer e o aumento da violência urbana, que levam ligado a manter a criança mais tempo em casa, com pleno acesso aos meios digitais. Apontamos para a necessidade de uma mudança nesse cenário para não prejudicar o bem-estar físico e mental das crianças. Isso significa dar o exemplo. Os adultos precisam fazer combinados sobre o uso de telas, mas também devem ser os primeiros a respeitá-los para que a aceitação das crianças seja mais natural, exercendo um papel parental positivo e estabelecendo uma conexão com a criança por meio do diálogo.

Ofertar hábitos como passeios a céu aberto, brincadeiras no parque, atividades no quintal ou na área comum dos prédios são atitudes que podem ajudar a desfocar o interesse da criança pelas telas para uma prática mais saudável. Caso contrário, ela tende a vivenciar o empobrecimento das habilidades motoras, das habilidades sociais e da exploração do mundo real.

Importante que as atividades ao ar livre e as brincadeiras em casa sejam diárias, pelo menos por uma hora, com a participação dos adultos em parte delas, para que os vínculos e o afeto sejam fortalecidos, alimentando a curiosidade e a autonomia dos pequenos.

Por que as telas fazem mal à criança?

A ciência já comprovou que o uso excessivo de telas é nocivo para o desenvolvimento físico, cognitivo e comportamental da criança. Dentre os problemas que causa, destacam-se: sedentarismo, obesidade, problemas osteoarticulares, como vícios posturais e dores musculares, baixa motricidade, manifestações oculares, como síndrome do olho seco, vista cansada e miopia, problemas auditivos pela exposição a excesso de ruído, além de questões relacionadas ao aspecto emocional.

A super estimulação causada pelas telas leva também à diminuição das horas e da qualidade do sono, interfere na capacidade de aprendizagem e pode causar sonolência diurna, o que atrapalha o dia a dia na escola e nas demais atividades. Foram também detectados atrasos na linguagem, porque as crianças aprendem a falar conversando com outras pessoas – e isso não acontece com as telas.

A falta de capacidade de atenção e de habilidade de saber esperar gera impulsividade, hiperatividade, baixa tolerância às frustrações, irritabilidade e estresse, outros efeitos desse uso excessivo.

Além de tudo isso, o mundo digital é um terreno perigoso para as crianças que, sem orientação e supervisão de adultos, podem sofrer prejuízos psicológicos ocasionados pelo cyberbullying, a versão digital do bullying, assim como riscos associados à exposição a conteúdos sensíveis sexuais e de violência.

Para fazer essa supervisão, é importante que os adultos utilizem ferramentas de controle parental e conversem sempre com suas filhas e seus filhos sobre o que estão acessando nas redes.

As telas são totalmente proibidas para as crianças?

Não exatamente, porque as ferramentas tecnológicas avançam a cada dia. Não tem como negá-las, já que são úteis a diferentes propósitos. No entanto, tudo depende do quando, quanto e de que forma elas ocupam nossas vidas, especialmente a de crianças em fase de desenvolvimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orientam que o tempo de uso de telas esteja condicionado à faixa etária da criança, para evitar prejuízos à sua saúde física e mental:

Menos de 18 meses – Nenhuma exposição às telas, a não ser para videochamadas com mães, pais, avós, por exemplo.

18 meses a 2 anos – Pouca ou nenhuma exposição a telas. Esse é um período crítico para o desenvolvimento da criança, então estimule ao máximo a interação física com outras pessoas e a sua criatividade. Se a criança for exposta a telas, escolha conteúdos educativos de qualidade e assista com ela.

3 a 5 anos – Até uma hora ao dia. Tente planejar o tempo de assistir à TV com antecedência e resista à tentação de usá-la para acalmar ou distrair a criança, que nessa idade pode interagir com os personagens. Ajude-a a entender o que está vendo e aplicar isso ao mundo real. Quando possível, encontre livros ou jogos para que os pequenos interajam com seus personagens favoritos fora da tela.

6 a 10 anos – Entre uma hora e uma hora e meia ao dia. Nessa idade a criança já está na escola, então certifique-se de que ela não tenha o hábito de ficar exposta a TV, tablet e celular até que tenha terminado as tarefas. Tente balancear o uso criativo das telas e o que foca na diversão. Certifique-se de que esses momentos não ocupem o tempo que deve ser gasto com horas de sono adequadas, atividade física e outras atividades essenciais à saúde da criança.

E lembre-se: seja o modelo de comportamento que você deseja, por isso, limite o seu uso de telas a duas horas por dia.

No Crescer Aprendendo, programa implementado pela UWB (United Way Brasil), esse tema é central nas conversas e nos conteúdos compartilhados com as famílias participantes. Temos o compromisso de apoiá-las para que cuidem de suas crianças com segurança e conhecimento do que representam as telas no dia a dia dos pequenos. Este é um dos propósitos que fortalecem nossa parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca-SP), financiada com o direcionamento do Imposto de Renda das empresas Caterpillar, Elanco, Escola Móbile, Lear, O-I, Sanofi e 3M. Até abril de 2024, 450 famílias em situação de vulnerabilidade social, da região do Campo Limpo, Jardim Ângela e Parque Santo Antônio, em São Paulo, serão beneficiadas com segurança alimentar, apoio psicológico e formação sobre temas essenciais, como o do uso das tecnologias, para fortalecer o bem-estar de suas(seus) filhas(os).

Encerramos o mês de março com esta reflexão: como você pode fazer a diferença no desenvolvimento infantil de filhos, netos, sobrinhos, tendo em vista a sua rotina diante das telas? Como melhorar a sua qualidade de vida presencial para ser exemplo às crianças? Vamos juntos fortalecer as novas gerações para que possam crescer saudáveis em uma sociedade próspera, capaz de acolhê-las e apoiar o seu pleno desenvolvimento!

Fevereiro Laranja: vamos garantir saúde na primeira infância para fortalecer o desenvolvimento infantil!

Neste mês da campanha #ColorindoOCuidadoNaPrimeiraInfância, realizada sob o âmbito da parceria do Programa Crescer Aprendendo com o Condeca, ressaltamos uma data importante: o Dia Mundial da Justiça Social (20 de fevereiro). Escolhemos o tema saúde para fechar o mês, porque não existirá equidade, diversidade e justiça para todas e todos se não cuidarmos do desenvolvimento saudável de cada criança nos primeiros anos de vida.

Você sabia que, em 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que saúde é um “estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”? Isso significa que ambientes complexos e realidades difíceis tendem a influenciar negativamente o desenvolvimento saudável das pessoas.

Diferentes condições de vida, conhecidas como “determinantes de saúde”, abrangem desde o histórico genético até fatores relacionados à ecologia global. Onde a pessoa nasce, cresce, estuda, trabalha e envelhece, assim como a forma em que se dá a distribuição de renda e a garantia (ou não) de direitos, são fatores-chave que impactam, também, a saúde integral de cada indivíduo.

No caso da primeira infância, onde tudo começa, cuidar da saúde das crianças tende a fortalecer os seus processos de aprendizagem e seu pleno desenvolvimento. No entanto, esse cuidado precisa ir além da boa alimentação, imunização e acesso a consultas médicas, que, sem dúvidas, são essenciais.

Saúde 360º

As diferentes dimensões da vida da criança exigem cuidados para que ela se desenvolva de maneira saudável em toda a sua existência, o que significa olhar para os aspectos físicos, mentais e sociais, proporcionando uma melhor predisposição para o aprendizado.

O cuidado da saúde na primeira infância começa no pré-natal e se segue nas visitas periódicas ao pediatra, tendo a Caderneta da Criança como a bússola para um monitoramento permanente.

Além de receber assistência de saúde de qualidade, ter acesso a todas as vacinas e à alimentação e ao sono adequados para cada idade, é imprescindível que a criança receba carinho, afeto, respeito e proteção, especialmente de adultos que são suas  referências, que fazem toda a diferença no desenvolvimento e na aprendizagem infantil.

A criança saudável também é aquela em contato constante com a natureza, estimulada a brincar. Ela também recebe orientação sobre limites e afeto e vivencia relações positivas e afetivas com seus pares e com adultos de seu convívio.

Hidratar e se alimentar bem!

A alimentação e hidratação fazem parte da manutenção da saúde infantil. Mas vão além da nutrição em si, porque envolvem o especial contato com a mãe, já no útero e durante os primeiros seis meses, com amamentação exclusiva (leite materno ou fórmula); e com outros adultos, a partir da introdução de novos alimentos, iniciada após os seis meses.

Em cada etapa do desenvolvimento infantil, se a criança receber os cuidados adequados de nutrição, questões como transtornos alimentares, recusas e excessos, dentre outras relacionadas à alimentação, poderão ser evitadas. E como tudo isso pode ser realidade na vida de crianças em situação de alta vulnerabilidade socioeconômica?

É extremamente necessário o empenho de todos os envolvidos na definição de políticas públicas de primeira infância, pois nessa etapa da vida as crianças estão em pleno desenvolvimento de suas competências socioemocionais, um período em que tudo se organiza e o vínculo afetivo criado lhes dará segurança para o enfrentamento de dificuldades.

“Um dos grandes avanços em termos de políticas públicas é a implementação do Marco Legal da Primeira Infância, que visa a organização de leis estaduais e federais, possibilitando meios de vivência saudáveis a todas as crianças”, ressalta Edinete Nogueira, consultora e psicóloga do Programa Crescer Aprendendo.

O terceiro setor também é responsável pela garantia do acesso à saúde e demais direitos da criança, podendo alavancar ações de amplo e positivo impacto. Por isso, iniciativas como o Crescer Aprendendo, programa implementado pela United Way Brasil (UWB), podem fazer a diferença.

Até abril de 2024, o programa acontece por meio da parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca-SP), financiado com o direcionamento do Imposto de Renda das empresas Caterpillar, Elanco, Escola Móbile, Lear Corporation, O-I, Sanofi e 3M. São 450 famílias em situação de vulnerabilidade social das regiões do Campo Limpo, Jardim Ângela e Parque Santo Antônio,  localizadas em São Paulo, que são beneficiadas com segurança alimentar, apoio psicológico e formação sobre temas essenciais para fortalecer a saúde integral das crianças de 0 a 6 anos.

Por isso, encerramos o Fevereiro Laranja com um convite a você: vamos juntas(os) ampliar essa grande rede de apoio, para que as novas gerações possam crescer em uma sociedade saudável e próspera?

Como apoiar a saúde mental e emocional das mães-solo?

Para dar continuidade à campanha #ColorindoOCuidadoNaPrimeiraInfância, o Programa Crescer Aprendendo, da UWB, traz para o diálogo o tema do mês de janeiro: conscientização da saúde mental e emocional. A nossa campanha, que integra as ações da parceria do programa com o Condeca, quer focar no bem-estar de cuidadores da criança pequena, especialmente mães-solo em situação de vulnerabilidade.

A iniciativa nacional Janeiro Branco tem como objetivo alertar a população para os cuidados com a saúde mental e emocional, a partir da prevenção de doenças causadas pelo estresse, como ansiedade, depressão e pânico. Não é incomum que mães passem por situações exaustivas, especialmente aquelas que não contam com parceiras(os), nem rede de apoio para exercer a maternidade, uma jornada repleta de desafios.

Essa realidade é ainda muito mais complexa para as mães-solo da periferia, que vivem uma situação de vulnerabilidade não só econômica, mas também apresentam um aspecto emocional fragilizado que impacta negativamente a saúde mental.

A escassez de recursos básicos, emprego instável, moradia insalubre, ambientes violentos são rotina na vida de muitas delas, que se sentem permanentemente ameaçadas e sem condições de proteger seus filhos.

A inexistência de uma rede de apoio sólida acaba deixando essas mães emocionalmente isoladas, sem o suporte necessário para garantir bem-estar às crianças. Além disso, muitas delas, que vivem nessas condições, são vítimas de preconceito e do julgamento social, que as excluem de espaços e oportunidades. Perder o emprego ao voltar de licença-maternidade ou não ser contratada porque têm filhos ou, ainda, porque moram “longe”, são situações comuns vivenciadas por parte   dessas mulheres.

Outro aspecto que fragiliza a saúde mental (e física) das mães é manter o equilíbrio entre as atividades que têm de exercer no trabalho, na maternidade e na rotina da casa.

Todos esses aspectos levam à insegurança, ansiedade e ao medo frequentes , gerando  impacto na autoestima,  e intensificado a presença de sentimentos negativos que podem causar depressão, crises de pânico e outras doenças.

A falta de acesso a serviços de saúde na periferia também é uma questão crítica para elas, que não recebem informações sobre os cuidados e a importância de preservar a saúde mental, o que acaba por perpetuar o ciclo do sofrimento silencioso.

Por isso, é urgente estruturar mecanismos e oferecer ferramentas de apoio às mães-solo que criam seus filhos nas regiões mais vulneráveis.

COMO GARANTIR MAIS SAÚDE MENTAL E EMOCIONAL ÀS MÃES-SOLO?

Para fortalecer a saúde das mulheres em situação de vulnerabilidade são essenciais políticas públicas e uma atuação efetiva do sistema de cuidado e proteção. Garantir acesso à informação, aos meios de prevenção e recursos para tratamento de doenças emocionais são algumas formas de proporcionar bem-estar para elas e, consequentemente, para os filhos que estão sob seus cuidados.

A atuação das organizações sociais também se mostra essencial para que mães recebam suporte para si e suas crianças. É por isso que a UWB executa, nos territórios periféricos, o Programa Crescer Aprendendo.

A metodologia prevê uma curadoria de conteúdos elaborados por educadores, psicólogos e nutricionistas que compõem formações presenciais e on-line com foco nas famílias, especialmente nas mães-solo. As participantes também recebem apoio psicológico, em um espaço de escuta qualificada para as dores e angústias vivenciadas em seu cotidiano, além da possibilidade de garantia de  segurança alimentar para as crianças. O programa orienta as mães a frequentarem os equipamentos públicos e buscar seus direitos, ajudando-as a encontrar serviços que atendam às suas necessidades.

Uma rede de apoio é construída com as beneficiárias do programa, por meio de grupos no WhatsApp, permitindo a troca de experiências, de informações e a identificação de situações mais complexas que necessitem da intervenção de profissionais.

Essas ações ajudam as mulheres que criam seus filhos sozinhas a lidar com a insegurança, com os medos e as dificuldades, aliviando tensões e pressões que o exercício da maternidade, em ambientes desfavoráveis, acaba por gerar.

Atualmente, e até abril de 2024, o Programa Crescer Aprendendo acontece por meio da parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca-SP), cujo financiamento é feito pelo direcionamento do Imposto de Renda das empresas Caterpillar Inc., Elanco, Escola Móbile, Lear Corporation, O-I, Sanofi e 3M. A iniciativa tem beneficiado 450 famílias da região do Campo Limpo, Jardim Ângela e Parque Santo Antônio, em São Paulo, para incentivar a aprendizagem, a convivência familiar e comunitária cada vez mais saudáveis e seguras.

Na campanha Janeiro Branco de 2024, cujo slogan é “Saúde Mental, enquanto há tempo”, reforçamos o nosso compromisso com o desenvolvimento integral das crianças brasileiras, que também depende de mais bem-estar para suas mães e seus cuidadores. Vamos juntas(os) fortalecer essa grande rede de apoio para que a primeira infância possa crescer em uma sociedade mais digna e saudável.

#VamosJuntos #SaúdeMental #FormaçãoParental #UWB

Great Place To Work Brasil divulga ranking de “Atenção à Primeira Infância” 2022

O Great Place to Work (GPTW), divulgou nesta quinta-feira (23), o ranking de Atenção à Primeira Infância. A organização apoia as empresas na construção de melhores ambientes de trabalho.

Em 2019, a UWB foi parceria no GPTW para a criação do ranking Primeira Infância. Agora, foi a vez de lançarmos a categoria Jovens-Potência, que vai avaliar empresas que têm práticas para inclusão produtiva de juventudes periféricas.

Confira as empresas que receberam as melhores notas na categoria Primeira Infância:

  1. TAKEDA DISTRIBUIDORA
  2. GRUPO CATARATAS
  3. Avanade
  4. Eurofarma Laboratórios S/A
  5. IBM Brasil
  6. Dell Technologies
  7. JOHNSON & JOHNSON
  8. ASTELLAS FARMA BRASIL
  9. Vivo
  10. Gerdau

As empresas certificadas que participam do ranking DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão) do GPTW são submetidas a critérios específicos de classificação e respondem a questionários especiais para avaliar políticas, programas e práticas de apoio à diversidade e inclusão, e também à aplicação dessas práticas ao restante da cadeia produtiva.

Para apoiar o desenvolvimento de ações inclusivas nos ambientes corporativos, a UWB desenvolveu um guia. Clique aqui para baixá-lo.

Infância: o início de tudo e de uma sociedade mais justa

Saiba: todo mundo teve infância/Maomé já foi criança/ Arquimedes, Buda, Galileu/ E, também, você e eu

(“Saiba”, de Arnaldo Antunes)

Para celebrar o Dia da Infância, em 24 de agosto, queremos compartilhar com você algumas reflexões. Como você sabe, a primeira infância (0 a 6 anos) é causa prioritária da UWB. E essa escolha não foi por acaso. Acreditamos na importância crucial dos primeiros anos de vida para a formação do ser humano, com base em inúmeras evidências científicas. Em síntese, o que experimentamos e presenciamos nos seis primeiros anos de vida influenciam – e muito – o adulto que nos tornamos.

É interessante observar que a maioria das pessoas se sensibiliza diante de um bebê, de uma criança. O coração é preenchido de ternura, de esperança quando convivemos com os pequenos. No entanto, a realidade social brasileira não reflete esse sentimento, que deveria proteger e garantir a cada criança, independentemente de sua condição, o direito a se desenvolver plenamente.

Há 20,6 milhões de crianças de 0 a 6 anos no Brasil, mas 42% da população, que convive com crianças nessa faixa etária, vive em domicílios sem saneamento básico completo, ou seja, com rede de água, de esgoto e coleta de lixo; 15,1% não têm rede de água e 35,7% não têm rede de esgoto (Pnad 2017 – IBGE).

Mais de 18 milhões de crianças e adolescentes (34,3% do total da população) moram em domicílios com renda per capita insuficiente para adquirir cesta básica de bens; 61% vivem na pobreza (Pobreza na infância e Adolescência, Unicef).

Só em 2018 foram notificados mais de 30 mil casos de violência contra crianças de 0 a 4 anos, segundo o Datapedia.info.

Diante desses índices, que são alguns exemplos de um desafio bem maior, ficam as perguntas: o que estamos fazendo para que essa realidade mude? Como esse cenário vai impactar a sustentabilidade social e o futuro das novas gerações de brasileiros? Se você se incomodou com o que leu até aqui, talvez tenha interesse em fazer diferente e apoiar ações que tragam mudanças e avanços para a vida de crianças em situação de vulnerabilidade social.

Soluções colaborativas para gerar impacto social

Na UWB, trabalhamos em rede. No caso da primeira infância, ao lado do poder público (secretarias de educação e escolas), de empresas e de organizações da sociedade civil, implementamos o Programa Crescer Aprendendo, cujo diferencial é cuidar de quem cuida, ou seja, oferecer a mães, pais e responsáveis pela criança um suporte formativo e psicológico a fim de que possam conduzir a educação e os cuidados com os pequenos com mais propriedade. Também articulamos com parceiros apoio à segurança alimentar, já que a pobreza, alargada pela pandemia, trouxe a fome com ela.

Outra frente de atuação é com foco nas corporações para que ofereçam aos seus colaboradores, com filhos e netos na primeira infância, benefícios que impactem positivamente a parentalidade e favoreçam ambientes e vínculos saudáveis para o convívio familiar. Por isso, mantemos a plataforma Guia de Primeira Infância para Empresas, com mais de 600 ações implementadas por companhias de diferentes portes e áreas, para que outras se inspirem e, também, adotem políticas de primeira infância em suas plantas e escritórios. Uma oportunidade e tanto para a sua empresa fazer a diferença.

Quem cuida da criança cuida de uma geração inteira, fortalecendo a sociedade para que possa avançar com mais equidade e oportunidades dignas a todos os adultos do futuro que, hoje, ainda estão engatinhando, começando a falar, escrevendo as primeiras palavras, descobrindo o mundo.

No Dia da Infância, e em qualquer tempo, você pode homenagear a criança que você foi e apoiar tantas outras para que acessem o direito ao pleno desenvolvimento. Entre para a Rede de Anjos da UWB. Juntos vamos fazer muito mais pela primeira infância brasileira: https://uwb.esolidar.com/pt

Crescer Aprendendo e Rede Conhecimento Social se unem para avaliar mudança de comportamento nas famílias do Ceará

O Programa Crescer Aprendendo, da UWB, entra em uma nova etapa. Implementado em diferentes cidades do País, há mais de cinco anos, desde 2021 é uma das ações da Coalizão Ceará, união de esforços multissetoriais em favor da primeira infância, que reúne o Programa Mais Infância Ceará, as fundações Maria Cecilia Souto VidigalBernard van LeerPorticus e a UWB, com o apoio da Secretaria da Educação do Estado, por meio da Coordenadoria de Educação e Promoção Social.

O objetivo do programa é promover o pleno desenvolvimento infantil, especialmente nos seis primeiros anos de vida, uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano. A ciência aponta que as relações parentais saudáveis estão dentre os principais fatores que propiciam o bem-estar integral da criança. Este é o foco do Crescer Aprendendo: apoiar pais e cuidadores a fim de que estabeleçam e/ou fortaleçam vínculos positivos com suas filhas e seus filhos.

Para que isso aconteça, as ações do programa visam informar as famílias, especialmente as que vivem em situação de vulnerabilidade social, sobre temas relacionados aos primeiros anos de vida e orientá-las sobre como aplicá-los no dia a dia,.

Em 2021, as famílias vinculadas às escolas cearenses de educação infantil, parceiras do programa, receberam formação por meio do WhatsApp, considerando o contexto da pandemia.

Durante o ano, foram feitas pesquisas internas, pela equipe técnica do programa, que mostraram mudança de comportamento nas famílias participantes. Essa indicação levou a UWB a pensar na sistematização do Crescer Aprendendo para compartilhar a metodologia, com o objetivo de gerar escala e compor políticas públicas de outras cidades e estados, a partir do modelo aplicado no Ceará.

Mas ainda faltava um componente essencial nessa equação de disseminação do programa: uma avaliação externa robusta, realizada por uma organização referência, que pudesse avaliar se, de fato, o programa promoveu mudança de comportamento nas famílias. Por isso, a UWB escolheu a Rede Conhecimento Social (ReCoS) para realizar essa tarefa.

A organização já havia feito um trabalho semelhante com outro programa da UWB, o Competência para a Vida (focado nas juventudes) E uma das características que pesou nessa escolha é a metodologia utilizada pela ReCoS: a construção participativa dos instrumentais e da análise da pesquisa.

Avanços na parentalidade positiva e nas articulações com os municípios

Usando abordagens quantitativa e qualitativa, a avaliação realizada pela ReCoS foi dirigida à edição 2021, em cinco dos nove municípios cearenses trabalhados pelo programa, e realizada em parceria com as famílias, secretarias de educação e educadores das escolas públicas, revelando um cenário bastante promissor ao programa.

Por um lado, os resultados demonstram boa articulação territorial com as secretarias de educação, contribuindo com a formação de educadores, com atualização de conceitos e aprimoramento metodológico e facilitação do trabalho durante o período da pandemia. Por outro lado, as famílias apresentaram bom engajamento com o processo formativo, um maior fortalecimento dos seus vínculos com a escola e uma tendência de aumento da participação no aprendizado da criança: nove a cada dez famílias viram melhora nas práticas de cuidadocom as crianças depois da formação.

A formação a distância e em formato digital foi uma estratégia importante para apoiar as famílias e os educadores no período de distanciamento social. A avaliação demonstra tendências de mudança positiva das práticas de cuidado com as crianças por parte de seus responsáveis. Importante ressaltar a relevância da continuidade das ações para que as conquistas alcançadas sejam consolidadas em mudanças de longo prazo no comportamento.

Com os resultados da avaliação do Crescer Aprendendo edição digital no Ceará (2021), é possível aprimorar as estratégias de atuação do programa, vislumbrando novas implementações em outros territórios, tal como a formação híbrida posta em curso em 2022.

Por isso, a equipe da UWB está organizando estratégias para disseminar a metodologia em todos os cantos do País, com o objetivo de fortalecer a parentalidade positiva para garantir um melhor desenvolvimento infantil à primeira infância brasileira.

(Artigo escrito pelas equipes da ReCoS e da UWB)

Comitê de empresas coloca a primeira infância como pauta prioritária nas corporações

A ciência tem dados e evidências contundentes sobre a importância de a criança, de 0 a 6 anos, vivenciar vínculos saudáveis e experimentar ambientes amigáveis, que a acolham e a ajudem a se desenvolver plenamente, com afeto, muito brincar, trocas positivas, direitos garantidos e condições financeiras que favoreçam o acesso a bens essenciais à sua existência.

Os economistas também concordam que a primeira infância é determinante para o bem-estar coletivo, em todos os níveis. O Prêmio Nobel norte-americano James Heckman ressalta que o retorno sobre o investimento realizado nos seis primeiros anos de vida pode ser de 7% a 10% ao ano, porque gera o aumento da escolaridade e a qualificação da performance profissional de indivíduos que receberam apoio durante essa fase inicial da vida. Também diminui índices de violência e quebra ciclos geracionais de pobreza.

Sabemos que, no Brasil, o setor privado emprega cerca de 50% das famílias com crianças de 0 a 5 anos (Pnad, 2020). Por isso, é essencial que o ecossistema corporativo olhe para a causa da primeira infância, porque os retornos sociais são imensos, além de trazer ganhos às corporações, como mais produtividade, menos demissões e credibilidade junto à cadeia de valor. Não é à toa que a primeira infância é considerada uma pauta transversal para apoiar o avanço da agenda ESG nas corporações.

Comitê com empresas-referência quer fomentar a causa

A UWB lançou, em 2021, O Guia de Primeira Infância para Empresas com o objetivo de compartilhar e facilitar o acesso das companhias a mais de 600 iniciativas que beneficiam pais, mães, filhos e filhas, de 0 a 6 anos. O guia também é um espaço de trocas, já que permite às empresas que apresentem suas ações para inspirar políticas internas de primeira infância aos seus pares. Atualmente, mais de 400 corporações estão cadastradas no guia.

Para trabalhar a pauta ativamente no ecossistema corporativo, foi criado um Comitê de Fomento para a Primeira Infância, com representantes das áreas de RH e Sustentabilidade Social da FEMSA, Lear, Special Dog eTakeda junto à UWB e ao Great Place to Work (GPTW).

As empresas do comitê já vivenciam experiências bem-sucedidas na área de primeira infância, reconhecidas por premiações, como a da GPTW, na categoria Atenção à Primeira Infância, do prêmio Melhores Empresas para Trabalhar, sendo que parte delas contribuiu à construção do guia, desde o início. 

O Comitê tem uma agenda específica para trabalhar pela causa e se tornar referência em políticas de primeira infância. 

Um dos pontos dessa agenda é a realização de uma pesquisa para reunir dados e evidências sobre a influência na saúde física e emocional de mães e pais colaboradores que recebem apoio e benefícios das empresas para criar suas crianças. O estudo contará com a colaboração das corporações do comitê, por meio de conversas dos colaboradores com psicóloga especializada e formações com especialistas. Os achados serão sistematizados pelos profissionais da Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo é compilar subsídios para a elaboração de políticas públicas e privadas com foco na primeira infância, entendendo a relação de satisfação dos funcionários com seu trabalho e com o bem-estar de seus filhos como fatores possíveis para o aumento da produtividade.

O Comitê também quer criar espaços de diálogo para trabalhar o tema primeira infância como pauta transversal à agenda ESG, com o objetivo de levar ao mundo corporativo os insights dessas conversas, em eventos, ações de comunicação e demais iniciativas que sensibilizem, especialmente, as lideranças empresariais.

Com essa ampla articulação, realizada pela UWB, a primeira infância pode ganhar cada vez mais espaço nas corporações para que as famílias se sintam amparadas e acolhidas, viabilizando relações saudáveis e afetivas com suas filhas e seus filhos. É desta forma que conseguiremos, juntos, fortalecer a base da sociedade: investindo no potencial das novas gerações.

Clique no LINK e acesse o Guia de Primeira Infância para Empresas. Conheça as muitas possibilidades de fazer parte dessa grande rede de transformação. Vamos juntos!