Voluntariado: estratégia para enfrentar as desigualdades sociais

“Como cidadãos organizados, temos de olhar para a nossa consciência e dizer: esta maneira de ser – e digo a maneira de ser indiferente –, de estar indiferente ao sofrimento do outro (…) é contra o reconhecimento de que todas as pessoas nascem iguais e têm os mesmos direitos, nem mais e nem menos direitos.”

Graça Machel, moçambicana, ativista negra e protagonista da independência de Moçambique e do Apartheid, em live realizada pela parceria United Way Brasil, P&G e Lear Corporation

O atípico momento, revelado pela pandemia e suas consequências, tem exigido mudanças estruturais na nossa forma de ver e estar no mundo, se quisermos sair disso tudo melhores, como uma sociedade mais saudável e humana.

Interessante pensar no caráter “democrático” da Covid-19: atinge todos e todas. Por outro lado, o mais inquietante é perceber que, por conta da desigualdade absurda em que estamos inseridos, os efeitos do vírus não seguem essa equidade. Os mais pobres e vulneráveis economicamente são os que têm suas chances de sobrevivência reduzidas quando são confrontados pelos efeitos do coronavírus e do isolamento social. Ou seja, além da maior probabilidade de se contaminarem, ainda sofrem com a falta de recursos para manter suas necessidades básicas. Porém, os impasses não param por aí. Temos que nos perguntar: o que fazer para apoiar quem está na base da pirâmide social e minimizar os efeitos nefastos da pandemia em suas vidas?

Voluntariado em tempos de isolamento 

Uma das vertentes do trabalho mundial da United Way é o voluntariado, especialmente com as empresas que nos apoiam e que direcionam recursos aos nossos programas sociais de primeira infância e juventude.

A pandemia nos colocou diante de um desafio: migrar as ações presenciais para o formato on-line. Fizemos essa mudança estratégica com os programas e, também, com o voluntariado. A situação acabou se transformando em oportunidade para ampliar o alcance de nossas iniciativas, via meios digitais. 

No que diz respeito ao voluntariado, criamos uma ampla estratégia para envolver os colaboradores das empresas nos nossos programas. 

As crianças do Crescer Aprendendo (voltado à primeira infância) serão impactadas por diferentes ações que começaram a ser planejadas em setembro. Desenhamos atividades que vão proporcionar aos pequenos momentos lúdicos, de brincadeiras, convívio familiar, criatividade e faz-de-conta, temas essenciais ao desenvolvimento saudável de toda criança, prejudicados pelos desafios que as famílias enfrentam atualmente.

Nossa equipe está capacitando os voluntários para contarem histórias, elaborar vídeos e participar de um dia especial, em rede, com centenas de crianças e suas famílias. 

Para a juventude, por meio do programa Competências para a Vida, o voluntariado acontece no formato de mentorias, que têm alcançado bons resultados tanto para os mentorados como para os mentores. O objetivo é dar aos jovens oportunidades de repensarem suas vidas pessoais e profissionais para além da pandemia, com suporte de quem já viveu essa fase da vida e, também, teve de vencer tantos desafios. Boa parte dos jovens desanimou e não vê como tocar seus projetos de vida e as mentorias apoiam nesta importante retomada.

Toda essa experiência e a nossa capacidade de articulação vêm mostrando que o voluntariado digital se configura não só como uma medida de urgência, mas como uma estratégia que veio para ficar, por ser segura, eficaz e escalável. As possibilidades de as pessoas colaborarem virtualmente junto às organizações sociais são amplas e incontáveis e abarcam qualquer cidadão que queira colaborar.

Voltando à indignação de Graça Machel, expressa no texto que abre este artigo, é muito importante não naturalizar ou se conformar com desigualdades sociais, porque são elas que agravam – e muito – os efeitos da pandemia.

Por isso, estamos abertos para discutir formatos e maneiras de atuar, especialmente na área de voluntariado digital. Vamos juntos? 

Live reúne empresas e jovens para dialogar sobre inclusão produtiva

Realizada pela Global Opportunity Youth Network (GOYN) do Brasil, no último dia 6, o encontro deu voz a diferentes atores do ecossistema produtivo, tendo como pano de fundo dados e evidências sobre a realidade das juventudes e as oportunidades de inclusão da cidade de São Paulo, além de propor uma ampla estratégia para unir as pontas de forma sistêmica e sustentável.

Gabriela Bighetti, diretora-executiva da United Way Brasil, abriu o evento, apresentando o Global Opportunity Youth Network (GOYN/O Futuro é Jovem, no País), sua missão, visão e os objetivos em São Paulo, uma das seis cidades dos cinco países onde o programa acontece (Colômbia, África do Sul, Quênia, Índia e Brasil).

O movimento atua pela inclusão produtiva das diferentes juventudes para que o desenvolvimento global, em todos os seus âmbitos, possa ser sustentável. Mas por que São Paulo? “De um lado, a cidade possui quase 800 mil jovens, com 15 a 29 anos, em situação de vulnerabilidade socioeconômica que estão sem trabalho e/ou sem estudos. Do outro, temos uma infinidade de projetos de fundações familiares e empresariais, políticas públicas, startups e corporações que focam essa inclusão, mas nem sempre chegam aos que mais precisam de oportunidades. O papel do GOYN é reunir todos esses atores, que têm perspectivas diferentes sobre as juventudes, ou do lado da demanda ou do lado da oferta, para uma atuação colaborativa e coletiva, a fim de provocar uma mudança sistêmica e sustentável que responda ao desafio da inserir os jovens nesse ecossistema”, explanou Gabriella.

Em cada país, o GOYN seleciona uma organização-âncora para organizar sua atuação. No Brasil, a United Way é responsável por articular os diferentes atores, com o apoio do grupo gestor e parceria com empresas e organizações. “Trabalhamos juntos desde janeiro e, até agora, articulamos 60 instituições voltadas à educação formal, empreendedorismo, rede de formação técnica e de competências socioemocionais, organizações de pesquisa, advocacy e startups. Neste momento estamos na etapa do desenho de soluções. Nosso objetivo é incluir 100 mil jovens para que a iniciativa se torne sistêmica e escalável”, complementou Gabriella.

Para Vivianne Naigerborin, Superintendente da Fundação Arymax, que compõe o grupo gestor do GOYN no Brasil, o conceito de Inclusão produtiva ganha ainda mais relevância no atual contexto e abarca a inserção por meio do empreendedorismo urbano e rural e da empregabilidade, levando em conta os mercados mais promissores e as novas relações profissionais. “Um amplo estudo que a Fundação realizou no ano passado, em parceria com o Instituto Veredas, mostrou que temos hoje a maior força jovem disponível na história do País e que é preciso apoiar o jovem antes, durante e após a inserção, o que inclui métodos adequados de seleção e recrutamento, formação conectada à realidade das juventudes e detecção de talentos”.

Vagas que sobram versus alta do desemprego: dicotomia das desigualdades

Leonardo Framil, CEO da Accenture da América Latina, que também integra o grupo gestor, reforçou a importância dos dados e evidências para a tomada de decisões sobre o tema. Ampla pesquisa realizada pela Accenture detectou informações importantes que têm embasado as estratégias da ação em São Paulo. A cidade possui 2.7 milhões de jovens na faixa de 15 a 29 anos, com cerca de 810 mil em situação vulnerável, sendo que pouco mais de 47 mil estão empregados e têm nível superior completo. Pouco menos de 800 mil jovens estão sem trabalho e/ou sem estudo, sendo 70% deles moradores de bairros nos extremos leste e sul da cidade e 20% responsáveis pelos seus domicílios.

“Quando verificamos o perfil do primeiro emprego, temos uma preocupação adicional: grande parte desses jovens inicia a carreira em vagas impactadas pela automação. Esse dado é mais um fator que reforça o senso de urgência em atuar pela inserção desses jovens. Em contrapartida, as carreiras que mais aumentaram as demandas estão focadas na tecnologia, especialmente no pós-pandemia, mas não são as mais acessadas pelos jovens. Temos vagas que sobram, enquanto o desemprego permanece, porque não existe mão de obra especializada para preenchê-las. Essa dicotomia vai aumentar e se potencializar caso não ajamos coletivamente”, reforça Framil.

Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil, trouxe dados da iniciativa mundial, lançada pela ONU, em 2018, Generation Unlimited  (Um Milhão de Oportunidades, no Brasil), para corroborar a importância de se investir em ações coletivas que promovam uma mudança sistêmica de inclusão e permanência do jovem no mundo produtivo. Para ela, crianças e jovens são vítimas ocultas da pandemia e irão sofrer consequências de curto, médio e longo prazo por causa, por exemplo, do fechamento das escolas, que amplia o risco da evasão, assim como a falta de acesso à internet para manter os estudos a distância.

“É o momento-chave para garantir oportunidades de formação, educação formal, trabalho, inclusão digital. Por isso, o movimento Um Milhão de Oportunidades criará uma plataforma virtual para reunir, no mesmo espaço, quem busca a oportunidade e quem a oferece”, explica Florence.

Unir pontas para trabalharem juntas

Na última parte, o evento promoveu o diálogo entre as pontas do ecossistema produtivo. Ana Inez Eurico (28 anos) e Henrique Medeiros (20 anos), participantes do Núcleo Jovem do GOYN, compartilharam suas experiências e desafios. “A primeira questão é a do transporte, as distâncias. Sendo mãe, negra e da periferia, o recorte ainda é maior, como mostram as estatísticas. Como mãe, preciso acordar mais cedo, organizar a rotina dos meus filhos, além de pensar na volta do trabalho e na logística com as crianças. Outro aspecto são os estereótipos e o preconceito, como o de que a mulher negra da periferia é barraqueira, se veste mal, não tem postura. Na entrevista de emprego – aconteceu comigo – a gente se coloca de uma forma que quebra esses paradigmas e as pessoas se chocam. Isso é muito ruim em vários sentidos. Hoje vejo a inserção produtiva a partir de várias perspectivas, tanto como aluna de projetos e educadora social como participante da construção e viabilização de iniciativas de inserção”, comenta Ana.

Henrique ressaltou a potência dos coletivos e de como os territórios podem atender várias demandas das empresas. “Dados da Aliança Bike que mostram que 75% dos entregadores de aplicativos em São Paulo tem até 27 anos e 40% destes só cursaram o ensino fundamental, questões estruturais importantes para nos atentarmos. Os coletivos têm um grande papel nesse contexto, porque são espaços que nos ajudam a sonhar e viabilizar projetos. Com todo o avanço digital, o jovem não precisa mais perder duas horas para chegar ao trabalho. Temos nas periferias coletivos de educação, de comunicação, de designer, por exemplo. Podemos suprir muitas demandas das empresas com qualidade”, reforça.

Juliana, CEO da P&G no Brasil, acredita que este momento é um divisor de águas e, embora a crise sanitária e econômica traga uma pressão maior para a juventude em situação de vulnerabilidade, pode, também, gerar oportunidades, porque, segundo ela, a pandemia sensibilizou a sociedade e as empresas como nunca aconteceu antes.  “Na P&G, por exemplo, reconhecemos que ainda não temos a diversidade racial necessária em nossos escritórios. Grande parte das pessoas negras e pardas mora nas periferias, mas a tecnologia tem ajudado muito a aproximá-las. Os processos de recrutamento presencial eram uma primeira barreira para esses jovens. Durante a pandemia, mais do que dobramos a presença desses jovens nas seleções virtuais. Vimos que o inglês e outras questões estavam atrapalhando a inserção dos jovens. Criamos o programa P&G pra Você, que oferece curso de inglês e mentoria. Os resultados são excelentes e trazem benefícios a longo prazo para os jovens e para a empresa. É um exemplo simples que traduz uma parte do trabalho do GOYN, em garantir diversidade e equidade na inserção produtiva, o que é muito estratégico para nós. Esforços como esse podem me dar as pontes de contato e me fazer conhecer barreiras que eu não sabia que existiam para encontrar saídas que garantam a inserção produtiva dos jovens”, concluiu Juliana.

O GOYN no Brasil (O Futuro é Jovem) é gerido pelas seguintes instituições: Accenture, Em Movimento, Fundação Arymax, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Coca-Cola Brasil, J.P. Morgan e United Way Brasil (parceiro-âncora).

Confira a live completa no link: https://www.youtube.com/watch?v=zMAWasdzTos&t=22s
Faça parte do GOYN: daniela@uwb.org.br
Saiba mais: https://uwb.org.br/o-que-fazemos/goyn/

Parceria convida jovens a se tornarem empreendedores sociais

A Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Coca Cola e a United Way Brasil se uniram para apoiar jovens da periferia na elaboração de projetos de vida, com ênfase no empreendedorismo. 

Um celular: esta é a principal ferramenta para entrar em uma aventura diferente, que dialoga com as expectativas de futuro e de trabalho da juventude. Pense Grande é um aplicativo gratuito, da Fundação Telefônica Vivo, para qualquer jovem, a partir dos 15 anos, baixar e participar. 

Focado nas juventudes das diferentes periferias, o projeto começa fazendo um convite inusitado: escalar o Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil.

A partir daí, os participantes têm contato com desafios e temas ligados ao empreendedorismo, à tecnologia e comunidade, em um universo lúdico que reúne conteúdos dinâmicos para ajudá-los a desvendar toda a complexidade da construção de um negócio de impacto social.

Percurso formativo gamificado 

O percurso formativo conta com elementos e recursos gamificados para ser percorrido em até 80 horas. O objetivo é conduzir os participantes por 12 etapas que compõem o desenvolvimento de um negócio, encarando desafios que os levarão a conquistar o topo do Pico da Neblina. Os jovens também contam com apoio de mediadores quando precisam discutir algum tópico mais complexo. 

O mediador “social media” estimula a interação e o engajamento dos participantes. Para isso, posta comentários e constrói estratégias de interação. Já o mediador curador tem uma função pedagógico-formativa, dando feedbacks para aprimorar o olhar dos jovens sobre as atividades. Também esclarece dúvidas conceituais e monitora o desempenho dos participantes.

Empreendedorismo que gere mudanças

A matéria-prima para essa escalada é o reconhecimento das histórias pessoais dos jovens e, a partir da reflexão sobre emoções, paixões e prazeres, a relação delas com seus sonhos e necessidades, traçando objetivos claros para suas vidas. A proposta é ir além da compreensão sobre empreendedorismo social, impactando toda a comunidade onde estão inseridos.

O Pense Grande Digital quer desenvolver as competências necessárias para um futuro empreendedor mapear cenários, propor soluções a problemas, divulgar seus projetos e, o mais importante, aprender como engajar pessoas na sua ideia.

Os 1.200 jovens dos coletivos que fazem parte das ações da parceria entre United Way Brasil e Instituto Coca Cola foram convidados a baixar o aplicativo e embarcar nessa viagem. Victor Souza Lopes, de 21 anos, morador de Ermelino Matarazzo (SP), conta que aprendeu muito com a experiência e se aplicou ao máximo para concluir todas as etapas. Tanto que foi o primeiro a finalizar a jornada, antes do tempo previsto, sendo destaque no grupo: “Eu sempre pensava em ter o próprio negócio. Agora sei que posso realizar esse sonho. Quero fazer um curso de administração. O Pense Grande também me fez perceber que é preciso um trabalho em equipe para que as coisas deem certo. Sempre fui tímido e agora me sinto mais confiante. Entendi que preciso de força de vontade, de dedicação e muita paciência para chegar aonde quero. Não é fácil, mas vou conseguir”, afirma o rapaz.

Ao final da formação, cada participante grava um pitch. Os três pitchs/vídeos mais votados, dentro do ambiente do app, serão reconhecidos e destacados em uma matéria exclusiva para o site do Pense Grande, com divulgação nas redes da Fundação Telefônica Vivo. Também receberão um selo virtual de reconhecimento do Pense Grande Digital para compartilharem em suas redes.

O aplicativo está aberto para qualquer jovem começar a sua expedição pelo empreendedorismo voltado ao negócio social. Basta baixá-lo e se aventurar: http://pensegrande.org.br/pensegrandedigital-app

Evento discutirá o papel das empresas na inclusão produtiva dos jovens das periferias

Você está convidado a participar, no dia 6 de outubro, do encontro a ser realizado pela United Way Brasil, articuladora do Global Opportunity Youth Network, em São Paulo, para conhecer os resultados do mapeamento sobre jovens e oportunidades na cidade, os principais desafios, como a desigualdade racial e questões de gênero, e políticas de RH que promovem a inclusão. Evento imperdível para empresas e instituições que acreditam no potencial e na força empreendedora dos jovens. 

A cidade de São Paulo carrega a tradição de ser um lugar de oportunidades, mas, na verdade, essa máxima não condiz com a realidade de uma boa parte dos jovens que moram na metrópole, especialmente os que residem nas regiões periféricas. Problemas como distâncias, falta de recursos, preconceito racial e de gênero são alguns dos muitos obstáculos que enfrentam.

Segundo dados reunidos em uma ampla pesquisa realizada pela Accenture Brasil, existem 2.571.297 jovens (15 a 29 anos) na capital do Estado, sendo que cerca de 812 mil estão em situação de vulnerabilidade social. Destes, pouco mais de 47 mil possuem formação superior e um emprego formal. Ou seja, existem 765,5 mil jovens sem trabalho e/ou sem seguir os estudos, por falta de boas oportunidades (IBGE –Censo Demográfico 2010 e Estimativa 2019).

Também já se sabe que em 2020 o País passa pelo fenômeno da inversão da pirâmide etária, ou seja, até 2060 teremos a maioria da população formada por idosos (pessoas com mais de 60 anos). Isso significa que a juventude brasileira de hoje, criativa e empreendedora, pode não se desenvolver e se tornar uma população adulta bem-sucedida por conta das desigualdades de oportunidades, especialmente no que diz respeito à inserção produtiva. 

Estes impasses e as soluções para resolvê-los vão direcionar o evento “Inclusão produtiva dos jovens nas empresas: uma relação ganha-ganha” que o Goyn SP irá realizar no dia 6 de outubro, por meio da United Way Brasil, articuladora da ação no País, e as empresas que compõem o grupo gestor. O movimento, que já existe em outras cidades do mundo, tem como objetivo, especificamente em São Paulo, incluir produtivamente 100 mil jovens em postos de trabalho ou em ações empreendedoras, até 2030.

Na programação estão previstas a apresentação do Goyn SP, seus objetivos e estratégias, dados do mapeamento sobre as juventudes da cidade e as oportunidades de inserção, os desafios que os jovens das periferias enfrentam e as soluções adotadas por corporações para garantir processos de recrutamento e seleção mais justos e inclusivos (confira a programação). 

Em uma realidade difícil, agravada pelos impactos trazidos pela pandemia, discutir como incluir cada vez mais as diferentes juventudes na cadeia produtiva da sociedade e no ecossistema das empresas não só se faz necessário como urgente. 

Por isso, a sua participação nessa conversa é essencial para que possamos avançar e mitigar os efeitos nefastos das desigualdades, ampliadas pela Covid-19, no presente e futuro dos jovens, que influenciarão a sustentabilidade e o desenvolvimento de nosso País. 

Faça já a sua inscrição gratuita: www.bit.ly/GOYN_inscricao

“INCLUSÃO PRODUTIVA DOS JOVENS NAS EMPRESAS: UMA RELAÇÃO GANHA-GANHA”
6 de outubro de 2020, das 9 às 10h30 

ProgramaçãoO que é o Goyn SP e sua agenda – Gabriella Bighetti, Diretora-Executiva United Way Brasil (organização articuladora do Goyn SP, no Brasil)  

A inclusão produtiva dos jovens e o papel das empresas – Vivianne Naigeborin, Superintendente da Fundação Arymax (membro do grupo gestor do Goyn SP) 

Dados do mapeamento de oportunidades e de juventudes de São Paulo –Leonardo Framil, Presidente da Accenture América Latina(empresa responsável pelo mapeamento e membro do grupo gestor do Goyn SP)  

Os efeitos da pandemia para os jovens e a urgência em gerar oportunidades para todos – Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil (convidado para contribuir com o tema e com soluções)  

DIÁLOGO: OS JOVENS E AS EMPRESAS
Juliana Azevedo, CEO da P&G Brasil (empresa que inclui os jovens na sua equipe)
Ana Inez Eurico e Henrique Medeiros (jovens-potência que atuam com o grupo gestor do Goyn SP) 

Realização: Global Opportunity Youth Network São Paulo, United Way Brasil, Accenture, Em Movimento, Fundação Arymax, Instituto Coca-Cola Brasil

Dia Internacional da Juventude: como garantir aos jovens um presente e futuro melhores?

O dia 12 de agosto marca o papel essencial da juventude no desenvolvimento sustentável do planeta. No entanto, no Brasil, os jovens têm sido impactados negativamente pelas desigualdades sociais e por adversidades, como a pandemia. 

Embora seja óbvio que a juventude de hoje vai formar as próximas gerações de adultos, de pais e mães e de trabalhadores de nosso país, dados de pesquisas têm mostrado que as chances para que os jovens se tornem pessoas reconhecidas e realizadas são ainda muito escassas em nosso País, especialmente para aqueles que vivem em situação vulnerável, cercados por ambientes de risco social, com baixa escolaridade e poucas oportunidades dignas de trabalho. 

Na maior metrópole do País, por exemplo, de uma população de mais de 3 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social, estão 812.916 jovens, sendo que 160 mil são responsáveis pelo domicílio onde vivem. Cerca de 484 mil estão sem emprego e sem oportunidade de estudo. O rendimento médio de um homem negro com 18 anos ou mais é de R$ 1.300. A mulher negra recebe a média de R$ 982,00 (menos de um salário mínimo). Ambos estão distantes do rendimento médio do homem branco (R$ 3.268) e da mulher branca (R$ 2.168). 

Dados como estes são reflexos da desigualdade social que atinge todo o País, mas que também está fortemente presente na cidade – e quem tem aumentado com a pandemia. Também refletem a trajetória educacional da juventude local: 26% não têm instrução, 24% possuem o Ensino Fundamental completo ou o Ensino Médio incompleto e apenas 13% terminaram o Ensino Superior.

Estas informações, colhidas em 2020, antes da Covid-19, estão contidas na pesquisa realizada pela Accenture Development Partnership para a United Way Brasil e traçam um cenário de oportunidades. Isto mesmo: do total da população de jovens em situação de vulnerabilidade (mais de 812 mil), cerca de 765 mil são potenciais cidadãos para conquistar trabalho e estudo de qualidade, já que pouco mais de 47 mil desse grupo vulnerável possuem superior completo e emprego formal.

Trabalho colaborativo em rede

A pesquisa da Accenture é um dos pilares das evidências que vão orientar as ações do programa “O Futuro é Jovem” (adaptação em português para Global Opportunity Youth Network – GOYN). A iniciativa do Aspen Institute, implementada em seis cidades no mundo, tem como objetivo fazer a inserção produtiva de jovens (15-29 anos) em situação de vulnerabilidade social por meio da educação, do trabalho digno e do empreendedorismo, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, com destaque ao objetivo 8: “Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos”. O polo de São Paulo é o último que se juntou a essa comunidade global e quer otimizar as diferentes possibilidades que a cidade oferece para atender a juventude das periferias e das regiões menos favorecidas.

Na cidade, a iniciativa é articulada pela United Way Brasil que está catalisando atores importantes dos três setores para o desenho das intervenções sistêmicas. A ideia é criar uma ampla rede colaborativa que possa contribuir ao propósito do programa, com base em dados sobre o perfil do jovem que se quer atingir e o ecossistema em que ele está inserido e que pode apoiá-lo. Todo esse mapeamento vem sendo realizado há seis meses. 

Jovens protagonistas

O programa abriu um edital para convidar jovens que desejassem participar da iniciativa. Os que foram selecionados têm recebido formação para entender a proposta e, nessa fase, atuar ativamente na construção e concretização das ações. 

Isto porque o programa quer trazer o jovem como um agente co-construtor e direcionador não apenas das estratégias, mas de como elas serão implementadas, sendo percebido como protagonista muito mais do que como beneficiário. 

As escolhas das estratégias foram realizadas por um grupo de mais de 45 organizações que participaram de um processo colaborativo. A próxima etapa vai envolver um trabalho em mesas que, ainda este ano, irá desenhar e viabilizar a implementação de protótipos.  Em 2021, será a fase de implementação inicial dos projetos, fornecendo os subsídios necessários às ações de 2022, quando as intervenções que se mostrarem sustentáveis e sistêmicas serão aceleradas e escaladas para beneficiar o maior número possível de jovens em situação vulnerável, na cidade de São Paulo. 

Para obter mais informações sobre o programa O Futuro É Jovem e a rede colaborativa que o fará acontecer, entre em contato com: daniela@uwb.org.br ou ofuturojovem@gmail.com

Competências para a Vida: programa é reconhecido como oportunidade na pandemia

Jovens e mentores do programa da United Way Brasil avaliaram a iniciativa e afirmaram que a experiência realizada no primeiro semestre trouxe perspectivas e confiança sobre o futuro, apesar da Covid-19

A juventude foi amplamente impactada pela pandemia, especialmente os grupos das periferias. Mesmo antes da Covid-19, essa população enfrentava diferentes desafios: escolas nem sempre acessíveis ou com ensino de qualidade, dificuldade de transitar pela cidade, devido às distâncias e a escassez de recursos, falta de oportunidades de emprego digno… Todas essas questões foram ampliadas durante o isolamento social. Além disso, muitos jovens não contam com um ambiente familiar saudável. 

Vivenciar o isolamento social, e todas as suas consequências, em uma fase da vida em que sonhos, planos e esperanças movem o indivíduo, é experimentar, para muitos, um “banho de água fria” nas expectativas de presente e futuro. 

Consciente dessa realidade, o Programa Competências para a Vida (para jovens de 16 a 25 anos), da United Way Brasil, passou de um modelo de intervenção híbrido (reuniões formativas presenciais e a distância) para o formato digital. Nessa configuração, os conteúdos, pensados especialmente para a juventude, são discutidos por meio de encontros on-line com mentores e educadores.

O foco das ações é apoiar o jovem neste momento complexo para que, no lugar de se sentir isolado e sem perspectivas, possa repensar seus propósitos e estabelecer caminhos para um plano de vida. Isso significa dar sentido ao isolamento social a fim de que se torne uma oportunidade de fortalecimento e não um tempo de insegurança e ansiedade. Essa forma de encarar a pandemia, intenção do programa, foi reconhecida pelos participantes em uma avaliação feita com os jovens.

Já para os mentores, profissionais das empresas parceiras da United Way Brasil, que dedicam tempo e conhecimento à causa de forma voluntária, a experiência trouxe vários aprendizados. Segundo eles, poder rever suas trajetórias, a maioria semelhante às dos jovens, e valorizar as conquistas obtidas até então, fez toda diferença. Esse autorreconhecimento não só fortalece a autoestima dos profissionais, como é uma referência positiva para os jovens mentorados, que percebem a importância da resiliência e da paciência para avançar na conquista de seus objetivos. 

Principais resultados da avaliação

A turma que participou do Programa Competências para a Vida, no primeiro semestre de 2020, é formada por 46 jovens, na faixa de 17 a 24 anos, atendidos pelos programas sociais da Associação União da Juta (Sapopemba, em São Paulo) e Fraternidade Santo Agostinho (Jundiapeba, em Mogi das Cruzes). 

Dos participantes, 68% são do sexo feminino (25% são mães), 66% declararam-se negros, 27% estão estudando, 73% não trabalham, 55% estão sem trabalho e não estudam.

Da totalidade dos jovens, 70% vivem em famílias com renda familiar de até dois salários mínimos.

Quando a mentoria foi iniciada, 44% dos jovens queriam arrumar um emprego só para pagar as contas. Ao final do processo, essa porcentagem caiu para 29%. Trabalhar em uma atividade de que goste era o objetivo de 21% dos participantes, antes de iniciar as mentorias. Após a experiência, essa porcentagem aumentou para 32%, indicando que a autorrealização passou a ter maior peso nos seus planos de vida.

Sobre a experiência nesses meses de mentoria, os 100% dos jovens disseram que saíram dela fortalecidos, com uma melhor autoestima, mais confiantes sobre suas capacidades. Também foram unânimes em afirmar que o programa os ajudou a pensar no futuro e em metas, para além da pandemia. Já 97% afirmaram ter adquirido novos conhecimentos e que participar do programa irá ajudá-los a conseguir emprego. “O programa me ajudou muito a pensar no futuro novamente, coisa que eu havia parado de pensar. Me fez sonhar outra vez, e desejar ser alguém na vida outra vez”, revelou um dos jovens, na pesquisa.

Os mentores, colaboradores das empresas Lilly, PwC e Morgan, também responderam a uma pesquisa: 96% deles disseram que não só indicariam o Programa Competências para a Vida a um amigo como também participariam dele novamente. A maioria, 88%, acredita que esse trabalho voluntário com os jovens ampliou sua consciência social e a reflexão de como contribuir para minimizar as desigualdades.

Ouvir os jovens e fazer as atividades propostas levou muitos mentores a revisitar suas vidas, suas trajetórias e repensar o posicionamento no trabalho.

Para o segundo semestre, o programa vai avançar, atendendo 100 jovens da Associação Pró-Morato (SP), dos coletivos Vila Rica e Cabo, em Recife (PE), e de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo, que contarão com sessões de mentoria com 65 profissionais voluntários de empresas parceiras.

Campanha quer engajar pessoas e empresas nas causas da primeira infância e juventude

A United Way Brasil lança o Relatório de Atividades do primeiro semestre com campanha para ampliar a abrangência de sua atuação junto a crianças e jovens.

O Relatório 2020 – Jan-Jun traz as realizações coletivas empreendidas pela United Way Brasil e seus parceiros, no primeiro semestre.

O destaque são as ações emergenciais de apoio a famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica para o enfrentamento da Covid-19 e a realização da primeira live internacional “Desigualdades e pandemia”, com a participação de Graça Machel, uma das maiores ativistas negras do mundo, e o apresentador, empreendedor e filantropo Luciano Huck.

O documento traz, também, os primeiros resultados do ano dos programas Crescer Aprendendo (focado na primeira infância) e Competências para a Vida (voltado aos jovens), que migraram para o formato digital, respondendo às demandas do distanciamento social, causado pela pandemia. Participantes das iniciativas compartilham, nas páginas do relatório, depoimentos sobre essa nova experiência e os impactos em suas vidas.

Juntos podemos mais

A publicação marca o início de uma campanha de captação de recursos para ampliar o atendimento às famílias e aos jovens nesta fase de ampla crise. Até o final do ano, a expectativa é atender 5 mil famílias com crianças de 0 a 6 anos, por meio do Crescer Aprendendo, e mil jovens que necessitam de apoio para construir seus projetos de vida (Programa Competências para a Vida). 

A campanha, que conta com a parceria de empresas, envolve todo o ecossistema das corporações, com diferentes etapas de sensibilização e conscientização sobre a importância das causas para o enfrentamento das desigualdades sociais.

Peças de comunicação especialmente pensadas para a ação convidam desde os executivos e os colaboradores até a população em geral a participarem da campanha. As peças são disseminadas pelas ferramentas de comunicação interna e externa das corporações e pelas páginas da United Way Brasil nas redes sociais.

Esse amplo movimento tem como objetivo mitigar os efeitos da pandemia nas populações mais suscetíveis. Além da solidariedade, a campanha quer apontar saídas eficazes e competentes para quebrar ciclos de pobreza e formar gerações mais preparadas aos desafios do século 21.

Conheça os avanços alcançados pelas parcerias da United Way Brasil no primeiro semestre, clicando no link do Relatório de Atividades: link

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O combate à violência sexual contra crianças e jovens passa pelas empresas

Para muitos, o tema é indigesto. No entanto, é extremamente importante, porque atinge a base de nossa sociedade, comprometendo – e muito – o presente e o futuro de todos nós.

A United Way Brasil tem como foco de suas ações duas fases primordiais da existência humana: primeira infância e juventude. Uma das questões a qual se dedica para apoiar o desenvolvimento integral de crianças e jovens é a garantia de direitos, o que engloba o urgente combate à violência, seja ela física, psicológica ou sexual.

Com relação a esta última, que envolve o abuso e a exploração, ainda existe uma grande resistência da sociedade em olhar para o problema e encará-lo de frente. Precisamos mudar isto. Não podemos aceitar o fato de o Brasil ocupar o segundo lugar no ranking de países com maiores números de exploração sexual infantil (sexo em troca de dinheiro ou de algum benefício).

Dados recentes, pré-pandemia, apontavam que, a cada hora, três crianças ou adolescentes são vítimas de abuso sexual (estupro e comportamentos abusivos dos adultos) no país, no entanto, acredita-se que só um em cada dez casos é reportado, ou seja, os índices são bem maiores.

Com o evento da Covid-19, esses números tendem a crescer. Sem ter a quem recorrer, muitas crianças e muitos jovens acabam convivendo todos os dias, por 24 horas, com os abusadores. Outro aspecto é o maior tempo plugado na internet, que oportuniza a pornografia infantil e a exposição às ameaças de quem está do outro lado da tela.

A falta de empregos e o agravamento da crise econômica impacta em cheio famílias que já sofriam com a escassez de recursos, antes da pandemia. Provavelmente, os casos de exploração sexual vão aumentar – 320 crianças e jovens já eram explorados sexualmente a cada 24 horas, antes do isolamento social. 

A preocupação tem razão de ser. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Serra Leoa, na África, a epidemia do Ebola, entre 2014 e 2106, elevou sensivelmente os índices de diferentes violações, como o trabalho infantil, o abuso sexual e casamento infantil. 

O papel do empresariado 

Não olhar para o tema elevará o custo social que todos já pagamos por conta da omissão. Os problemas de saúde física e mental causados pela violência, tratados pelo sistema público, inflam os gastos públicos; a violência em todos os níveis só tende a aumentar, já que os abusados, muitas vezes, buscam no álcool e nas drogas algum “conforto” ou são levados a consumi-los pelos abusadores. Outro problema é que meninas e meninos nessa situação acabam por abandonar a escola. Garotas ficam grávidas e muitas vivem sozinhas e precisam sustentar seus filhos. Outra parte delas se junta a um parceiro violento e outra, ainda, entrega a criança para o sistema, que nem sempre consegue cuidar da criança da maneira que ela precisa para se desenvolver plenamente, mesmo investindo uma quantia razoável de recursos públicos para sustentá-la. 

“Costumo dizer que a violência sexual contra a criança e o adolescente é uma ‘epidemia’.  Acabar com ela ainda não é uma demanda social, infelizmente. Sem essa demanda, sem a pressão que a sociedade exerce, as políticas públicas não acontecem. A sociedade precisa entender que abuso e exploração sexual de crianças e jovens perpetua o ciclo da pobreza, afetando a todos, direta ou indiretamente. Acredito que o empresariado é um pilar da sociedade essencial no combate à violência. Existem 2 mil pontos mapeados, nas estradas federais brasileiras, em que a prática da exploração sexual acontece. Quantas empresas têm suas plantas à margem dessas rodovias?”, ressalta Luciana Temer, diretora-presidente do Instituto Liberta

Os focos de exploração sexual são vários, como hotéis, resorts, empreendimentos de construtoras, portos e empresas de transportes. Por isso, a importância de as empresas investirem em recursos e ações para mitigar a violência no entorno de suas sedes e nas comunidades onde atua. “O empresário tem de entender que ele precisa estar lá, porque ele e toda a sociedade pagam essa conta”, reforça Luciana.

Mas como fazer isso? “Por meio da educação, da conscientização. Temos de mudar a cultura permissiva que vê nesse tipo de exploração algo natural, que faz parte. Não é à toa que somos a quarta nação com maiores números de casamento infantil, em pleno século 21”, completa Luciana. 

Para ela, programas e campanhas que apostam na formação das famílias, na educação sexual nas escolas, que empoderam meninas, as principais vítimas, que tratam o tema com a população em geral tendem a ser eficientes. “Precisamos vencer preconceitos e acabar com o silêncio da sociedade diante de tamanho absurdo. As empresas podem investir na formação de seus colaboradores, da comunidade do entorno onde crianças e jovens vivem”, finaliza Luciana.

A United Way Brasil acredita no impacto coletivo, ou seja, que várias mentes e mãos se unam para combater um problema social com soluções inovadoras e eficientes a cada público a que se destinam. Por meio dos programas Crescer Aprendendo (primeira infância) e Competências para a Vida (juventude) essa atuação conjunta tem acontecido, mas o desafio de vencer a violência sexual é enorme e precisamos de mais aliados. E se a gente se unir?

Mentorias: estratégia que prepara os jovens para os desafios do século 21

Iniciativa que ajuda os jovens a organizar o presente e projetar seus sonhos de futuro, a mentoria é um recurso utilizado no Programa Competências para a Vida. Confira o que pensam mentor e mentorados sobre essa experiência.

Antes da pandemia revolucionar nosso cotidiano, os jovens do Programa Competências para a Vida participavam de formações presenciais e mentorias a distância, para construírem novas visões sobre si, sobre o outro e seus projetos de vida pessoal e profissional.  O isolamento social demandou novas estratégias para que essas práticas pudessem ter continuidade, mesmo que a distância. Por isso, a mentoria on-line foi adotada como meio único de propiciar momentos de formação tão essenciais a esse público.

Nas sessões, os jovens mentorados foram convidados a definir objetivos para si. Depois, com o apoio do mentor, elaboraram um plano de ação com iniciativas que pudessem levá-los a conquistar tais objetivos. Por fim, cada um escreveu uma carta ao futuro, deixando uma mensagem de como quer se ver daqui a cinco anos.

Esse trabalho conjunto, entre jovens e mentores, traz descobertas para ambos os lados. Compartilhar incertezas e perceber que, apesar de tudo, é possível chegar aonde se quer, traz um novo “gás” aos jovens que têm muito a contribuir para mudar realidades. Do outro lado, os mentores, profissionais voluntários das empresas parceiras do programa, são levados a rever sua história e se dar conta do quanto avançaram. Além disso, por servirem a uma causa, identificam-se com a garra e a força dos mentorados, fortalecendo a esperança em tempos melhores.

Respeitar o tempo para chegar aonde se quer

Antônio Donizete Evangelista de Souza trabalha na Lilly e é mentor voluntário do Programa Competências para a Vida há três anos. Ele participou da formatação original do programa, com sessões presenciais e on-line, e agora atua na versão a distância.  

Nas conversas, ele parte de sua história pessoal e profissional para integrar o grupo. Para Donizete, mostrar aos mentorados semelhanças nas trajetórias de suas vidas favorece o vínculo entre eles. “Um dos assuntos que reforço muito é a importância de não largar a escola e aproveitar o conhecimento para escalar desafios simples da vida, como dominar elementos de comunicação e oralidade. São estas competências que os ajudarão a interagir com outras pessoas”, acrescenta. 

Homem posando para foto em frente a água</p>
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Antônio Donizete: “Buscamos ajudar 

os jovens a não cometerem os mesmos

 erros que nos assombraram em momentos

 de vulnerabilidade”

Ele também conta que vivenciou um momento especial na mentoria: “Recebi uma carta do futuro, por e-mail, de uma jovem escolhida pelo programa aleatoriamente. Ela dizia que, em cinco anos, ia trabalhar para não ter a dor como sua companheira. Essa carta me emocionou muito, porque revisitei minha história e meus medos no passado. Por isso, na mentoria, buscamos ajudar os jovens a não cometerem os mesmos erros que nos assombraram em momentos de vulnerabilidade”, conclui.

Suelen Bento de Souza, 21 anos, de Sapopemba (SP), é mãe de Pietro Moisés, de 1 ano e 6 meses, e faz parte do grupo de jovens que participou das formações on-line.

“A mentoria ajudou a me conhecer mais, a ter uma nova visão sobre o futuro e a acreditar em mim. Quero me tornar uma liderança na minha comunidade e apoiar outros jovens para que tenham um trabalho, estudem e realizem seus projetos de vida”, conta a jovem. 

Suelen, 21 anos: “Na mentoria aprendi 

a respeitar o próprio tempo”

Para Suelen, a ansiedade característica do jovem muitas vezes acaba por gerar inseguranças sobre as próprias capacidades. Diante de dificuldades, essa incerteza tende a sabotar projetos. “Na mentoria aprendi a respeitar o próprio tempo. Com um filho pequeno, e agora mãe solo, não tenho como frequentar a faculdade. Então, vou fazer um curso técnico em química e, no momento certo, cursar a faculdade de Engenharia Química, que é meu sonho. Os mentores também passaram por muitas dificuldades e estão onde estão hoje. Então, eu também posso chegar aonde quero.”

A jovem mãe sabe que terá um caminho de lutas pela frente, mas não vai desistir: “O maior desafio a ser vencido na busca por um emprego é o preconceito. Se é mulher, não pode. Se é mãe, não pode. Se é negra, não pode. Se mora na periferia, não pode. Porque eu sei que consigo estudar, ter os diplomas e os recursos para me tornar uma boa profissional, mas meu perfil não condiz com o que as empresas procuram. A carta do futuro me ajudou a organizar as coisas. A separar o que é sonho e o que é fantasia”, define Suelen.

Wallerson Bassôto Rodrigues, 18 anos, de Mogi das Cruzes (SP), não acreditava em formações a distância. Para ele, era perda de tempo: “Como estava em casa sem fazer nada, decidi participar. Minha opinião mudou muito desde então. Com as pessoas certas é possível, sim, apender”.  Ele acredita que as sessões caíram como uma luva: “Acabei o Ensino Médio e estou na fase de escolher qual faculdade fazer, de ter de trabalhar. Sentia-me inseguro, perdido. Mas percebi que o que estou vivendo é a realidade de muitos e conversar com outros jovens e com o mentor ajudou a entender como lidar com essas questões”.  

Com a pandemia, Wallerson estava sem perspectivas, sem saber o que fazer com o tempo em casa, até ingressar no programa: “Foquei nas atividades propostas, como a carta do futuro. No curto prazo vou procurar trabalho. No médio prazo, quero cursar faculdade de Farmácia, para ter bastante conhecimento sobre química e, mais para frente, cursar a faculdade de Biologia, já com essa bagagem”, explica.

Wallerson, 18 anos: “Os mentores 

são inspirações para nós”

Outra desconfiança, quando participou da primeira sessão, foi saber que os mentores eram jovens. O que teriam a ensinar com pouco tempo de trajetória profissional? “Novamente me enganei”, confessa e complementa: “Eles não só tinham muita experiência para compartilhar como também sabiam conversar com a gente e entendiam nossas questões, porque passaram recentemente pelo que estamos passando. Os mentores são inspirações para nós”.

Programa “O Futuro é Jovem” chega a São Paulo

Iniciativa reúne diferentes atores para tornar São Paulo uma cidade onde os jovens tenham oportunidades de trabalho e renda dignas.

“O Futuro é Jovem” (adaptação em português para Global Opportunity Youth Network – GOYN) é uma iniciativa do Aspen Institute, implementada em seis cidades no mundo, com o objetivo de fazer a inserção produtiva de jovens (15-29 anos) em situação de vulnerabilidade social por meio do trabalho digno e do empreendedorismo. Esse processo de impacto coletivo procura responder aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, com destaque ao objetivo 8: “Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.”

Na cidade de São Paulo, a iniciativa é articulada pela United Way Brasil que está catalisando atores importantes dos três setores para o desenho das intervenções sistêmicas. Todo o trabalho tem como alicerce a participação ativa dos jovens e se baseia em evidências, levantadas pela Accenture Development Partnership. As organizações Accenture, Instituto Coca-Cola, JP Morgan, Fundação Arymax, Fundação Telefônica e Em Movimento formam o Comitê Gestor, que apoia a tomada de decisões para a execução do projeto.

“O Futuro é Jovem” na prática

O primeiro passo para a implementação do programa, em 2020, envolve mapear o ecossistema e desenhar um plano de trabalho para os próximos cinco anos, com ações de intervenção pensadas para 2021.

O segundo passo, também em 2021, foca a elaboração de protótipos de projetos, que serão analisados e ajustados para fornecer conhecimentos e experiências ao último passo, em 2022, quando as intervenções que se mostrarem sustentáveis e sistêmicas serão aceleradas e escaladas. Importante ressaltar que, em todas as etapas, os jovens selecionados estarão ativamente envolvidos, participando da construção e da tomada de decisões, com o apoio do Comitê.

Os jovens serão selecionados por meio de critérios de diversidade: gênero, território, orientação sexual, experiências, condições e vivências de trabalho e estudo. Esse grupo passará por uma formação nos próximos dois meses, unindo-se aos demais atores do projeto a partir de julho-agosto.

Nesta primeira etapa, a United Way Brasil convida empresas, organizações da sociedade civil e governo a fazerem parte desse ecossistema, contribuindo e participando das decisões que irão impactar a vida presente e futura de jovens, até então, sem perspectivas.

Uma ação que também irá ajudar a enfrentar diferentes desafios, responsáveis por profundas desigualdades que geram problemas como violência, pobreza, falta de mão de obra especializada, dentre outros componentes que definem a qualidade do capital humano de um país.

Então, vamos juntos? Entre em contato para saber mais: daniela@uwb.org.br