Trabalho, saúde e educação são prioridades apontadas pelas juventudes periféricas, segundo pesquisa apoiada pelo GOYN SP

A pandemia da Covid-19 deixou uma herança com muitos desafios e diferentes aprendizados. Para as juventudes da capital da maior metrópole do país não foi diferente, como mostram os resultados do Caderno São Paulo, um recorte da pesquisa “Juventudes e pandemia: e agora?”.

O estudo foi coordenado pelo Atlas das Juventudes em parceria com o GOYN SP, Rede Conhecimento Social e Prefeitura de São Paulo (acesse a íntegra da pesquisa Brasil aqui).
Dentre as evidências encontradas, está a importância de cursos de qualificação profissional como uma das soluções apontadas por 29% das(os) jovens entrevistadas(os) para lidar com os efeitos negativos da pandemia no mercado de trabalho. Aliás, essa foi uma das prioridades de 73% das(os) respondentes durante a fase do distanciamento social: buscar cursos on-line para se qualificarem.

Outro resultado interessante, apontado pela pesquisa, é o otimismo com as novas formas de trabalho: 82% acreditam nessa perspectiva e 45% disseram que, se pudessem, gostariam de empreender. Trabalhar sem estar presencialmente nos espaços corporativos e implementação de horários flexíveis são duas práticas que, segundo as(os) respondentes, vieram para ficar no pós-pandemia e mostram que a produtividade é possível sem a presença física (68% das/os entrevistadas/os) e sem horários rígidos (62% das/os entrevistadas/os).

No que diz respeito à atuação nos territórios onde vivem, 24% das(os) jovens afirmaram que iniciativas para gerar oportunidades de incentivo, financiamento e fomento de projetos realizados pelas juventudes podem atenuar os efeitos negativos da pandemia.

Neste quadro, estão cinco outras ações citadas pelas(os) entrevistadas(os) que devem ser foco de trabalho de redes e coalizões como o GOYN SP para apoiar o desenvolvimento e a inclusão produtiva das juventudes periféricas.

Ampliação de empregos formais (18%)Projetos de formação e desenvolvimento de competências empreendedoras (16%) Políticas para inclusão produtiva de grupos minorizados (15%)Políticas de renda emergencial para famílias em situação de vulnerabilidade (15%)Criação de espaços e redes de apoio para autônomos e empreendedores (12%)

“No GOYN SP trabalhamos com base em dados e evidências para, coletivamente, desenhar soluções que possam apoiar as juventudes na sua jornada profissional. Para isso, temos a participação central de jovens-potência. A pesquisa é uma importante ferramenta de escuta e de reflexão para que possamos avançar com nosso propósito de promover a inclusão produtiva de 100 mil jovens-potência da cidade, até 2030”, explicou Nayara Bazzoli, líder do GOYN SP.

Saúde e educação caminham juntas

A pesquisa também trouxe dados sobre a saúde emocional das juventudes, com resultados que merecem especial atenção: 59% das(os) respondentes afirmaram que foram afetadas(os) pela ansiedade e, por conta disso, 76% estão em busca de trabalhos em que seja possível conciliar a vida profissional e pessoal.

Uma das soluções apontadas por 47% das(os) entrevistadas(os) para mitigar os efeitos da pandemia no seu bem-estar integral é a implementação de atendimento psicológico especializado nessa etapa da vida, na saúde pública, e 38% sugerem que esse acompanhamento seja feito nas escolas públicas.

Com relação à educação, os dados preocupam também, já que 49% das(os) estudantes afirmaram ter parado de estudar durante a pandemia. Embora tenham voltado à escola após esse período, 63% disseram sentir que estão defasadas(os) na aprendizagem. Já 54% consideram que conteúdos que preparem para o mercado de trabalho são mais significativos para o momento, sendo que 63% se sentem otimistas com a conexão educação e trabalho.

Participação política é vista com restrições

A pandemia despertou, em boa parte das(os) jovens, um olhar para o sentido da vida pública, com foco na recuperação econômica das pessoas e, consequentemente, do país. No que diz respeito ao sistema de governo, 86% das(os) entrevistadas(os) defendem a democracia. Por outro lado, apenas 3% disseram pretender se candidatar a cargos políticos futuramente o que, de certa forma, reforça um outro dado apurado pela pesquisa: 73% das(os) jovens não acreditam no comprometimento dos atuais políticos com os interesses e as necessidades da sociedade. Por outro lado, 56% se sentem mais otimistas em relação aos espaços de participação ampliados na fase da pós-pandemia.

Quando perguntados o que fariam se fossem políticos hoje, as(os) respondentes priorizaram ações para fortalecer a educação (33%), combater a fome (30%) e recuperar a economia (30%).

A pesquisa escutou 1.988 jovens de 15 a 29 anos, residentes na cidade de São Paulo, nos meses de julho e agosto de 2022. Desse grupo, 61% estavam estudando e 83% trabalhando (a maioria como jovem aprendiz).

Lançamento da pesquisa

O lançamento do Caderno São Paulo da pesquisa “Juventudes e pandemia: e agora?” foi realizado no dia 3 de novembro, no Centro Cultural São Paulo, durante o 3º Evento Anual do GOYN SP, coalizão articulada pela UWB para promover a inclusão produtiva das juventudes das periferias da cidade. O encontro reuniu mais de 100 pessoas dos diferentes setores sociais.

Na ocasião, Marcos Barão, presidente Conselho Nacional da Juventude do Brasil (Conjuve), apresentou os principais dados e mediou o painel para falar sobre perspectivas e ações que respondam aos desafios trazidos pelas evidências. Participaram dessa mesa Carla Francischette, do time do GOYN SP; Diogo Jamra Tsukumo, Gerente de Articulação Institucional do Itaú Educação e Trabalho; Mariana Resegue, coordenadora geral do ‘Atlas das Juventudes’ e coordenadora estratégica do Em Movimento’; Ramirez Augusto Lopes Tosta, coordenador de Políticas para a Juventude, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Cidadania e o Matheus Gastão, jovem que participou do grupo da pesquisa, morador de Cidade Tiradentes, graduando em Geografia pela Universidade de São Paulo.

O GOYN SP conta com 80 organizações em sua rede e com um Comitê Gestor formado pelas instituições Accenture, The Aspen Institute, CRS, GDI, Prudential, YouthBuild, Em Movimento, Fiesp/Ciesp, Fundação Arymax, Fundação Tide Setubal, Instituto Coca-Cola, Itaú Educação e Trabalho, Pepsico e Vocação.
Para saber mais e fazer parte desse movimento, acesse: https://goynsp.org/