No mês de fevereiro, a United Way Brasil, em parceria com a Deloitte, promoveu um encontro com Barry Salzberg, CEO Mundial da Deloitte e Presidente do Conselho da United Way Worldwide. Durante um almoço realizado em São Paulo, evento que contou com a presença de executivos de diversas corporações, Barry discutiu as principais questões relacionadas ao engajamento das empresas nas transformações sociais, bem como um panorama das discussões das quais participou em Davos, em janeiro deste ano.
De acordo com o executivo, durante muito tempo as empresas fizeram filantropia corporativa por meio de doações às ONGs, confiando em suas mãos a boa gestão dos recursos. No entanto, segundo Barry, a tendência é que as contribuições em dinheiro não sejam mais a prioridade em filantropia corporativa.
As ONGs e as comunidades possuem desafios cotidianos que vão além da necessidade de apoio financeiro, como aconselhamento para questões estratégicas, operacionais, recursos humanos e desenvolvimento de habilidades. Neste contexto, as corporações têm a oportunidade de exercerem um papel colaborativo junto a essas organizações, uma vez que possuem recursos que podem contribuir para o seu desenvolvimento dessas organizações. “Um dos maiores impactos positivos que as empresas podem ter na sociedade é doar as habilidades de seus profissionais em prol do fortalecimento e da sustentabilidade das ONGs. As empresas podem ajudar não apenas financeiramente, mas também com o capital humano e com os recursos que possuem”, disse Barry Salzberg.
Iniciativas nas quais se aproveitam as habilidades dos voluntários são a grande tendência do momento. De acordo com o executivo, muitas empresas já estão migrando da filantropia corporativa para o voluntariado baseado no compartilhamento de suas habilidades.
“As corporações precisam saber que o voluntariado “mão-na-massa”, como pintar escolas, limpar um parque ou dar uma aula, entre outras ações, tem uma função de conexão dos funcionários nas suas comunidades, mas é no voluntariado estratégico, no qual os funcionários de uma empresa doam seu expertise e inteligência de negócio que uma empresa pode causar um grande impacto, aumentando a eficiência da ONG e a ajudando a cumprir sua missão. Como exemplo deste novo voluntariado estratégico Barry citou a análise de dados de diagósitcos para definir uma prioridade de ação, uma reestruturação organizacional e até mesmo uma análise da estratégia de comunicação, como exemplos que estão baseados nesta nova visão.
Com relação a sua passagem pelo Fórum Econômico Mundial, evento realizado em Davos em janeiro deste ano, o tema “inovação” ganhou destaque nos debates. Por meio da inovação, seja ela nas áreas de tecnologia, saúde, desenvolvimento de novos produtos, entre outras disciplinas, as corporações encontram uma alternativa interessante para contribuírem com a sociedade. De acordo com o executivo, as corporações devem criar oportunidades para a geração de ideias e pensamentos criativos. E isto pode começar dentro de casa. “Devemos criar em nossas corporações ambientes que encorajem e incentivem o pensamento criativo e a geração de ideias e soluções inovadoras. Há diversas maneiras de fazê-lo. Pode-se, por exemplo, criar sua “zona de inovação” ou abrir canais colaborativos. Não há duvidas de que a utilização de alternativas não tradicionais para gerar inovação é o futuro.”.
O executivo finalizou seu discurso afirmando que as empresas podem tirar o melhor proveito possível das tendências apresentadas. Para as corporações que já possuem iniciativas sociais, analisar as possibilidades para maximizar os impactos das atividades realizadas. Para aquelas que ainda não sabem por onde começar, Barry sugeriu dois caminhos: perguntar se existem temáticas especificas nas quais poderiam investir seu tempo e recursos, e contar com ONGs que lidam com a temática escolhida. “As empresas têm um grande papel a desempenhar na direção de mudanças sociais. Consulte seus contatos e você certamente encontrará uma organização, como a United Way, para ajudá-lo a aproveitar as oportunidades.”, conclui.