Os números de contaminação por coronavírus no Brasil, compartilhados pelos boletins oficiais diários, mostram que as populações menos afetadas pela pandemia são as crianças e os jovens. Mas será que a despreocupação da juventude com a doença pode ser um problema para as demais faixas etárias?
No mundo, em países que os picos da contaminação já foram vivenciados ou estão acontecendo agora, o quadro é menos otimista: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca dos 20% de infectados que precisam de internação têm entre 20 a 44 anos, sendo que 12% desse grupo precisou de UTI. Pensando em números absolutos, a quantidade de jovens que correm risco não é pequena. Para aqueles que ainda apresentam doenças pré-existentes, como diabetes, patologias do sistema respiratório, problemas cardíacos e obesidade, a realidade é mais preocupante.
Na França, um outro exemplo, dos quase 14 mil casos confirmados em 20 de março, 30,6% tinham entre 15 e 44 anos, sendo que, de uma amostra de 362 pessoas internadas na UTI, 8% eram dessa faixa etária e mais da metade não tinha fator de risco conhecido.
Portanto, é preciso que a sociedade brasileira também se preocupe com a geração jovem e ajude a conter a contaminação, especialmente porque boa parte das pessoas nessa etapa da vida não apresenta os sintomas, mas pode transmitir a doença para os grupos de risco.
Momento de exercer a cidadania
O fato de a comunicação sobre a pandemia reforçar todos os dias que a doença atinge, em sua maioria, indivíduos com mais de 60 anos pode favorecer a despreocupação de uma parte dos jovens com relação à orientação do isolamento social.
No entanto, este é o momento de mostrar à juventude que ela tem um papel essencial no controle da contaminação. Ou seja, ficar em casa previne que transmita o vírus a quem não pode ser contaminado de jeito nenhum (avós, pais, tios…). Este é um ponto.
Outro ponto é manter-se isolado também para a autopreservação mas, se for sair, que respeite as regras de autocuidado (uso de máscaras, luvas, higienização das mãos, distanciamento etc.) e utilize esse momento para ajudar aqueles que não têm como sair de casa (idosos e pessoas com doenças pré-existentes).
As redes sociais e matérias veiculadas pela imprensa têm mostrado atitudes empáticas de jovens que se oferecem para fazer compras, ir à farmácia, levar ou buscar alguma encomenda para os que compõem os grupos de risco. Essa maneira de usar certa imunidade ao desenvolvimento da doença pode promover a postura cidadã e comprometida com o coletivo, preparando esses jovens para outras situações em que seu papel ativo também seja importante, tanto quanto é na pandemia.
A United Way Brasil atua com a juventude, por meio do programa Competências para a Vida, porque acredita ser essencial fortalecer valores e ajudar os jovens a construírem um projeto de vida em que o olhar para a coletividade esteja contemplado e faça parte do dia a dia de cada um.
Portanto, conversar com os jovens, passar informações fundamentadas sobre o Covid-19, é uma maneira de contribuir para que uma expressiva parcela da população, essencial à sustentabilidade presente e futura do país, possa não só ser preservada como também ajudar a fortalecer o bem mais preciso de uma nação: o seu capital humano.