Agora a United Way Brasil é UWB, que investe na potência das novas gerações para enfrentar as desigualdades sociais

No dia 28 de abril, diferentes atores, que fazem a UWB acontecer, reuniram-se para celebrar os 21 anos da instituição no Brasil e conhecer o reposicionamento da organização para os próximos anos.

“A UWB é essa união. É uma organização que acredita em impacto positivo por meio do trabalho coletivo”. Com esta frase, Juliana Azevedo, até então presidente do Conselho Deliberativo da United Way Brasil, e presidente da P&G no País, abriu o evento comemorativo. 

O primeiro encontro presencial entre equipe, empresas parceiras e associadas, voluntários e conselheiros, depois de dois anos marcados pelo distanciamento social, celebrou, também, uma nova etapa em que a United Way Brasil, com o objetivo de se aproximar ainda mais de diferentes públicos, passa a ser conhecida como UWB. “Vamos apostar com muita força na colaboração, na experimentação e em mudanças sistêmicas em rede para gerar impacto sustentável”, reforçou Juliana.  

A renovação desse compromisso tem razão de ser, afinal, o Brasil na pandemia tinha cerca de 17,7 milhões de cidadãos que voltaram à condição de pobreza, só entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021. No total, são 27,2 milhões de pessoas nessa condição, o que corresponde a 12,8% da população.

Luciene Lopes Sanfilippo, Vice-presidente de RH e Comunicação da Lear América do Sul, que no evento foi empossada como a nova presidente do Conselho Deliberativo, no lugar de Juliana, compartilhou os caminhos para os próximos anos da instituição. “

“Falando um pouco mais sobre o novo posicionamento que assumimos, podemos resumir o que fazemos em três palavras: Estuda, Faz e Conecta. A UWB estuda e apoia pesquisas para entender a realidade que precisamos transformar, faz ações embasadas em evidências para enfrentar os desafios mapeados e conecta as pessoas e instituições para alcançar as ações que impactem amplamente nossos públicos-alvo, ou seja, crianças e jovens”.


Nossa missão: investir na potência das novas gerações para mitigar desigualdades

Para enfrentar problemas complexos, que afetam o desenvolvimento integral de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, são necessárias soluções inovadoras e inclusivas, a partir de novos arranjos coletivos que envolvam os diferentes setores sociais.

Na segunda parte do evento, conduzida por Fabio Oliveira, Gerente de Comunicação da Eli Lilly, Tony Marlon, comunicador social, Nina Silva, cofundadora do movimento Black Money, e Mariana Luz, presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, também conselheiros da UWB, compartilharam suas visões sobre o que é preciso priorizar para que possamos, de fato, investir na potência das novas gerações nestes tempos difíceis.  

“As desigualdades não foram criadas pela pandemia. Elas são acumulativas e precisamos priorizar uma gestão de urgências, uma linha de apoio, porque o pior é sempre o que está por vir. Temos de pensar em um projeto de futuro, mas para isso é necessário ver o que já está acontecendo, as soluções pensadas pelos coletivos, que precisam de escala para trazerem resultados de médio e longo prazo”, afirmou Tony Marlon, mostrando às empresas e instituições que há muitas possibilidades em curso, mas que precisam de investimento para ampliar a abrangência e o impacto.

Nina Silva, ativista da causa antirracista, salientou que não só as desigualdades são acumulativas, mas seus efeitos também e recaem, sobretudo, na população negra.

“É importante lembrar que 75% dos 10% de pessoas mais pobres do País são negras. Temos o costume de falar dos efeitos e não das causas. O Brasil é estruturado sobre um sistema de privilégios que mantém a periferia onde ela está”.

“O assassinato de George Floyd, nos EUA, mobilizou as pessoas aqui, que estavam em casa, isoladas, sem ter muito o que fazer. Mas é importante ressaltar que, no Brasil, a cada 23 minutos, um jovem negro é morto. O maior índice de evasão escolar está entre homens negros, ou seja, a base socioeconômica do País tem cor. Precisamos falar de segurança pública, do direito de existir com segurança, para além da educação, do saneamento. Temos de falar de inclusão e desenvolvimento produtivo. Temos de construir um sistema básico de seguridade de vida, a partir de processos colaborativos e comunitários”, opinou Nina.

Mariana Luz reforçou que a primeira infância é a mãe de todas as causas, por isso, é essencial um olhar diferenciado para a fase da vida humana em que o cérebro faz um milhão de conexões por segundo.

“A primeira infância é uma janela de oportunidades e apoiar a criança para que possa se desenvolver integralmente não é papel só dos pais e responsáveis. Está na Constituição que todos, como sociedade, temos de zelar por nossas crianças. Se entramos nesse espírito coletivo, conseguimos mudar as coisas. Os bebês nascem iguais, mas se eles não têm as mesmas oportunidades, a largada já é desigual.”

“A primeira infância deve ser prioridade, especialmente nas populações mais vulneráveis. Como sociedade, temos de alavancar as ações do poder público. As empresas precisam dar aos seus colaboradores benefícios que os apoiem para que as transformações comecem nessas famílias e sejam sistêmicas”, continuou.

O evento dos 21 anos da UWB aconteceu na sede da empresa associada Eli Lilly, que cedeu seu espaço. Após a celebração, os Conselheiros se reuniram para a Assembleia Geral Ordinária para formalizar a mudança na presidência do Conselho Consultivo e eleger o novo Conselho Fiscal, cujo mandato será encerrado em maio.