Na última parte dos painéis, Daniela Saraiva, Líder do GOYN SP, compartilhou os principais objetivos e metas do movimento para os próximos dois anos. “A gente vai seguir fortalecendo o território. Isso foi o que começamos a fazer e tivemos muitos impeditivos para estar presencialmente nos territórios. Então o GOYN SP vai fomentar editais de apoio, não só o Micro Fundo, mas apoio a organizações que estão nos territórios para continuar dando a melhor formação ao jovem, uma formação que esteja próxima ao mercado”, contou.
O trabalho junto às empresas também será enfatizado, para que elas entendam que não são apenas a porta de entrada das juventudes no mercado produtivo, mas, também, possuem o importante papel de trabalhar a diversidade, a equidade e a inclusão por meio dessa agenda.
Fortalecer a liderança dos jovens é outro propósito do movimento. “O jovem tem demandado isso e vimos os dados da participação pública e política. Então a gente precisa fortalecer essa voz, garantir esse espaço para que eles sejam protagonistas da agenda da inclusão produtiva”, reforçou.
Para cumprir estes e outros propósitos, é preciso multiplicar, ampliar a rede de parceiros do GOYN SP. Na mensagem final, Daniela Redondo, do Instituto Coca-Cola, empresa que compõe o comitê gestor do GOYN SP, convidou outras empresas e instituições a entrarem para o movimento.
“Quando a gente, como empresa, coloca esse olhar intencional na contratação das juventudes, a gente muda a realidade, a gente ajuda o jovem. Não é tão difícil assim, é só dar o primeiro passo. Há ideias articuladas que trouxeram iniciativas incríveis por meio do GOYN SP: diálogos com setor público, com os jovens, protótipos feitos pelos jovens para os jovens. Tudo isso é um arcabouço que fortalece o ecossistema.
Mas a iniciativa privada tem um papel fundamental nesse desafio. Então meu convite é que todos se unam a nós. Uma pauta muito atual é a da diversidade, de raça e gênero. Essa é uma temática importante para a sua empresa. E não tem como falar dela sem falar de jovens. Porque mais de 70% dos jovens-potência são negros e mulheres. As agendas são convergentes e não excludentes. Então fica o meu convite: dê o primeiro passo e junte-se ao movimento!”
O 2º Evento Anual do GOYN SP foi encerrado com a performance do Slam das Minas SP, que lançou, pela primeira vez, a Carta de Princípios e Compromissos do GOYN SP por meio de uma “disputa” poética, emocionando todos os presentes. A carta foi uma construção conjunta do grupo colaborativo.
A conversa sobre a sistematização dos desafios, das oportunidades e das aprendizagens colhidas na implementação dos protótipos pensados coletivamente pelo grupo colaborativo do GOYN SP, foi mediada por Simone André, sócia-fundadora da Transverso Assessoria – que organizou o guia.
Para trazer esses aspectos, um representante de cada protótipo compartilhou as experiências vivenciadas pelas equipes que se debruçaram no desenho e na implementação de cada iniciativa. André Luiz, do Capão Redondo, bairro de São Paulo, membro da organização Base Colaborativa, parceira do GOYN SP, contou os desafios e as aprendizagens trazidos pela experiência com o Perifa Digital.
“A primeira vivência, o primeiro aprendizado dessa iniciativa é que, quando você vai construir algo para um jovem, você precisa ter o jovem executando, tem que ser de jovem para jovem. O educador que estava levando a cultura digital era um jovem que também vivenciava os contextos periféricos.
Um dos desafios foi a conectividade. Quando fomos para a prática, muitos jovens não conseguiram participar por não ter acesso à internet (…). A molecada pensava em robô, carro voador, mas a cultura digital está presente em tudo na nossa vida. Foi uma experiência muito legal que ainda está no começo e espero que o GOYN SP leve a iniciativa para frente ano que vem”, concluiu.
“A gente se viu revisitando as nossas práticas, introduzindo mais fortemente o digital no desenvolvimento das competências para vida, no desenvolvimento de estratégias formativas com os nossos públicos. Adotamos uma estratégia de apoio psicológico aos jovens a partir de voluntários especialistas nesse campo, formando uma grande rede.
Outro grande ponto foi a questão da diversidade. Quando falamos de narrativa e de conhecimento, precisamos perceber essa pluralidade dos jovens. Isso tem que estar não somente numa estratégia de comunicação, mas, também, quando a gente cria dinâmicas, processos e ambiências, para que eles se percebam representados”, explicou Rosane Santiago, do Cieds, parceira do GOYN SP, sobre o protótipo Trilhando, focado no desenvolvimento de competências para o trabalho e para a vida das juventudes.
Para Lucas Gregório, assistente de projetos no GOYN SP e líder do Micro Fundo para Jovens Inovadores, uma ação que forma líderes e aporta recursos em projetos de jovens da periferia, um desafio é a falta de preparo para o exercício da liderança desses projetos comunitários e dessas ações de incentivos sociais.
“A gente precisa desmistificar algumas coisas para ajudar os jovens a trazer essa aprovação que, primeiro, faça sentido para eles e tem esse lugar dentro do foco territorial, porque não adianta a gente trazer coisas de fora, dos Estados Unidos. A gente precisa falar ali no território sobre o que o jovem pode fazer”, reforçou.
Com relação aos desafios e aprendizagens trazidos pelo protótipo Digitalis, uma plataforma focada em treinar jovens-potência para que eles sejam capacitados e interligados ao mercado de trabalho, Renata S. Oliveira, especialista em cidadania corporativa da empresa Accenture, trouxe a seguinte contribuição: “O processo de construção foi muito rico, porque a gente, além das empresas, tinha acesso a institutos sociais, representantes do poder público, jovens. Isso é muito importante para a gente conseguir construir várias perspectivas diferentes por um bem comum”, ressaltou.
“Foi interessante também porque tivemos a oportunidade de construir o projeto do início ao fim, de pensar desde o público-alvo até o conteúdo que vamos oferecer. Foi uma experiência completa, porque às vezes a gente fica só naquele nosso mundinho de empresa e não abrimos as perspectivas para outros atores, outros stakeholders“
“O principal aprendizado que tivemos no protótipo Rede de Empresas foi que, para gerar engajamento e ter aprendizagem efetiva, nós precisamos efetivamente conectar o trabalho às oportunidades de formação que nós oferecemos. Nós percebemos isso porque interagimos muito com as empresas e nesse processo de integração vimos que muitos empregadores ainda têm barreiras para contratação de jovens.
Outro trabalho nosso foi a criação da comunidade de práticas do LinkedIn, justamente para oferecer a possibilidade de troca de experiências e compartilhamento de boas práticas que dizem respeito à inclusão produtiva dos jovens”, explicou Helena Schweinberger, da IOS.
Para acessar o guia que sistematiza todos os desafios, oportunidades e aprendizagens dos protótipos, clique na imagem abaixo:
Mediado pelo jornalista Luiz Pacete, da revista Forbes, o segundo painel reuniu representantes dos três setores: Luísa Brazuna, líder América Latina da área de Diversidade & Inclusão da Ernest Young (EY), Aline Cardoso, Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, e Ronaldo Matos, jornalista, colunista do UOL e educador do Jardim Ângela (SP).
Durante o diálogo, cada participante compartilhou as experiências de suas instituições para promover formação e inclusão produtiva das juventudes, ressaltando a importância de uma atuação coletiva para que as mudanças sejam mais sistêmicas e em escala. Também foi apontada a necessidade de repensar maneiras de olhar e conversar com esses jovens para que as oportunidades tragam, de fato, as mudanças necessárias para que as juventudes ingressem, permaneçam e avancem nos seus projetos de vida.
“O papel das empresas é promover ações afirmativas. A gente tem muita vaga em tecnologia. Estamos precisando de gente assim, as empresas querem esses jovens-potência. Por isso, elas têm que se desafiar e parar com aquela coisa de faculdade de primeira linha. Tem que se abrir e fazer parcerias com outras universidades, valorizar o jovem do ProUni e do FIES, repensar as políticas de recrutamento, fazer parcerias com coletivos e associações. Tudo isso de uma forma que chegue às pessoas”, afirmou Luísa.
Para a secretária Aline, o papel do poder público é unir as pontas, promover sinergias e gerar escala: “Estamos trazendo um olhar horizontal e, com isso, criamos um repertório de oferta e de demanda e conseguimos juntar tudo. Eu tenho gente com projetos e eu tenho empresa com dinheiro. Eu consigo juntar e consigo chegar no jovem”, ressaltou.
Mas qualquer iniciativa voltada às juventudes periféricas precisa partir de uma escuta para não cair na mesmice de trazer soluções que não dialoguem com a realidade desses jovens.
“Meu grande objetivo é fomentar e construir a indústria da comunicação do futuro a partir das periferias e favelas. Para isso, todo tipo de organização, o poder público, a empresa que chega na periferia ou na favela, que dialoga com a gente, a primeira coisa é entender nossa visão de futuro e a nossa visão empresarial. Então hoje o que eu diria quando chega alguém para investir: aprenda com a gente para investir melhor e para investir com mais impacto”, reforçou Ronaldo.
O primeiro painel reuniu Claudia Carletto, Secretária de Direitos Humanos e Cidadania da Cidade de São Paulo, Marcus Barão, Presidente do Conselho Nacional da Juventude do Brasil (Conjuve), e Ramirez Augusto Tosta, coordenador de Políticas para Juventude da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania. O objetivo era compartilhar e refletir sobre os achados do relatório idealizado pelo Conjuve e seus parceiros, que contaram com a Rede de Conhecimento Social, o GOYN SP e a Coordenação de Políticas para Juventude para sistematizar o recorte de dados relacionados às juventudes do município. A pesquisa contou, ainda, com apoio e mobilização de jovens e muitas organizações locais. Para o recorte de São Paulo a amostragem contou com 3.500 jovens-potência da cidade.
Dentre os diferentes aspectos trazidos pela pesquisa, a saúde mental ganhou um importante espaço de análise, já que o tema aparece como um fator preponderante e uma grande preocupação dos entrevistados: 70% dos respondentes apontaram a exaustão, o cansaço, o uso excessivo das redes sociais como aspectos que prejudicaram seu bem-estar mental durante e no pós-pandemia.
A análise desses dados, por exemplo, levou à conclusão de que o acesso às atividades voltadas aos cuidados com a saúde é, para os jovens, restrito, especialmente o atendimento psicológico. A socialização e retorno à rotina presencial foram destacados pelos entrevistados: 61% deles querem o retorno das aulas presenciais para que as atividades ajudem a equilibrar suas emoções; 50% desejam que seja implementado atendimento psicológico especializado e 31% pleiteiam que haja acompanhamento psicológico nas escolas.
“Isso traz para nós, da Prefeitura de São Paulo, uma missão muito importante: olhar para políticas que estão sendo executadas até o momento, afiná-las e ampliar o atendimento para que jovens tenham espaços para o autocuidado, diminuindo os índices relacionados aos prejuízos que a pandemia causou à saúde mental”, concluiu Ramirez (à esquerda)
Educação e Trabalho também foram temas de estudo da pesquisa e mostraram porque as juventudes têm desistido da escola e da busca por um emprego, diante de um cenário desolador, desenhado pela crise. Por outro lado, um dado positivo que a pesquisa aponta é sobre a participação política das juventudes. Os jovens paulistanos consideram que o cenário de pandemia os levou a ficar mais atentos.
“Eles querem participar mais da vida pública e das decisões que os afetam. Isso é fundamental quando a gente está às vésperas de 2022, um ano gigante para nossa democracia”, ressaltou Marcos Barão, do Conjuve(à direita na imagem)
Confira estes e outros achados acessando a pesquisa na íntegra
No dia 23 de novembro, cerca de 420 pessoas se “reuniram” na sala virtual, no YouTube, para participar de uma hora e meia de trocas e diálogos com representantes dos diferentes setores que compõem a rede colaborativa do GOYN SP
Depois de quase dois anos realizando ações remotamente, o 2º Evento Anual do GOYN SP aconteceu no modelo híbrido, com a presença de diferentes atores, no palco montado em um espaço, no Anhembi (SP), cedido pela Prefeitura de São Paulo, parceira da iniciativa.
Os objetivos do evento foram compartilhar dados e evidências (lançamento da pesquisa “Juventudes e a Pandemia – Edição Cidade de São Paulo”), práticas e ideias colaborativas (painel com empresa, poder público e organização da sociedade civil), aprendizados dos dois anos do programa (lançamento do “Guia para Apoiar a Inclusão Produtiva do Jovem-Potência”, sistematizando as experiências trazidas pelos protótipos do GOYN SP) e os planos para o futuro (objetivos para os próximos dois anos), além de convidar novos atores a comporem a rede para que a inclusão produtiva das juventudes periféricas possa avançar, afinal, “Somos muitos. Precisamos ser +100 mil jovens-potência!”
Os jovens das quebradas, Mel Duarte e Marcelo Rocha, conduziram uma agenda cheia de conteúdos e diálogos. No primeiro bloco do evento, após as boas-vindas, o grupo do colaborativo do GOYN SP deu o seu recado por meio de um vídeo manifesto:
Clique nas imagens para saber mais sobre cada painel