Exemplos e referências também fazem parte da estratégia do programa Competências para a Vida que apoia jovens em situação de vulnerabilidade social a fim de que possam conquistar seus sonhos, apesar das dificuldades.
O segundo módulo do novo ciclo de jovens participantes do programa Competências para a Vida reforça a importância de exemplos e referências na formação das juventudes.
No encontro de uma das turmas desse módulo, na sala virtual, além do educador que faz a mediação da sessão de formação, estavam os jovens de Uarini, no Amazonas, juntos e com máscaras. Na cidadezinha onde vivem, a 565 quilômetros de Manaus, não tem sinal de internet. Por isso, foi preciso reuni-los em um único lugar, nas dependências da Fundação Amazonas Sustentável, parceira do programa. Mas as dificuldades não param por aí: muitos jovens da região levam horas para chegar à ONG, porque precisam usar barcos, fazer longas caminhadas até o ponto de encontro. Porém, é perceptível o interesse que demonstram nas reuniões e o entendimento claro de que essa oportunidade de formação não pode ser desperdiçada. Por isso, não medem esforços para participar das formações.
Duas convidadas do programa também estavam presentes: Hellen Moura e Patricia Lima. Hellen é educadora social em Cabo de Santo Agostinho, PE. Ela começou a conversa dizendo que sempre teve muito medo de falar em público, mas contou isso com tanta fluidez que era difícil imaginar. A jovem de 25 anos compartilhou sua trajetória de vida: para conseguir estudar e realizar seus sonhos, trabalhou em uma padaria, mesmo não gostando. Hoje ela sabe que precisou fazer o que não queria para conquistar, mais à frente, o que realmente importava. E toda vez que se deparava com o desafio de falar em público, ela recuava.
Entrou, com muito esforço e dedicação, na faculdade. Quando teve de fazer o primeiro seminário, deu pânico. Ela “fugiu” das aulas e trancou a matrícula. Foi quando Hellen ingressou em um projeto social e recebeu mentoria de uma pessoa que mostrou para ela a importância de encarar esse medo, afinal, saber se comunicar é uma habilidade essencial. Hellen seguiu os conselhos do mentor, cursou a faculdade de Oratória e acabou apaixonada pelo curso, especializando-se em Comunicação. Hoje ela é professora e ajuda os jovens a vencerem suas dificuldades, especialmente a de falar publicamente e se colocar nas situações. Hellen transformou um obstáculo em potencial. “Vocês precisam se conhecer, saber quais são suas habilidades e seus desafios para entender como trabalhar tudo isso. Pode ser que alguma coisa que vocês achem que não sabem fazer se torne, na verdade, uma habilidade a ser desenvolvida”, reforçou Hellen para os jovens do Amazonas.
Nada é definitivo e tudo pode mudar o tempo todo
Patricia tem 31 anos, é engenheira e mora em São Paulo. Atualmente, trabalha na empresa O-I, parceira do programa Competências para a Vida. Sua participação na conversa foi voluntária, como também é a atuação dos mentores dos jovens no programa. Todos são colaboradores das empresas que apoiam a iniciativa.
“Quando alguém pergunta ‘quem é você? O que você faz’, tendemos a responder a profissão da gente. Mas somos muito mais do que isso. Somos as habilidades e as vivências que acumulamos”. Essa foi a fala inicial de Patricia, que contou sobre como chegou aonde está hoje. Desde pequena, queria ser veterinária e teve todos os bichos possíveis em casa. Mas saber que precisaria lidar com o sofrimento dos animais a afastou da profissão e, por eliminação, acabou fazendo Engenharia Química. Só que não se encontrou no curso, transferindo-se para a Engenharia de Produção. Ela contou que sofreu muita discriminação, porque, no ambiente de trabalho, predominantemente masculino, as mulheres eram vistas como incapazes e intrusas.
Hoje ela atua na área de Recursos Humanos da O-I, depois de ter ficado um tempo na produção. Seus superiores perceberam o interesse de Patricia em ajudar as pessoas, identificando-se com ações que garantem a equidade de gênero e a diversidade na empresa. A habilidade de organizar projetos, adquirida na engenharia, uniu-se ao aprendizado que vivenciou quando era rejeitada pelos colegas por ser mulher. Ela usou a resiliência para construir sua carreira e aceitou o convite para ingressar na equipe de RH. Mas… e o amor pelos animais? Patricia não o abandonou e atualmente ajuda a gerir uma ONG que cuida de gatos abandonados. “Nada do que decidimos precisa ser definitivo, as escolhas têm rotas. Você pode começar por um lugar e descobrir que não é o que você quer. Tudo bem, porque essa bagagem vai te ajudar a seguir em frente na sua busca. E se você não tem certeza de nada, fazer um trabalho voluntário pode te ajudar a experimentar e sentir o que te faz feliz”, ressaltou a engenheira.
Do outro lado, lá em Uarini, logo após a fala de Patricia, uma jovem levantou a mão. Era Adrielen: “Nada é fácil. Nada vem de bandeja, principalmente para nós mulheres. Me tocou muito a história da Patricia, porque é dolorido sentir esse preconceito. Mas eu não vou desistir do que eu quero. Meus pais sempre trabalharam fazendo farinha e me deixavam na escola. Eu me inspiro nas pessoas como vocês e me inspirava nas minhas professoras. Eu quero ser professora. Ainda não tive a oportunidade de fazer uma faculdade, mas vou fazer e, também, quero compartilhar minha história com meus alunos.”
O depoimento da jovem amazonense encerra esta matéria e reforça a importância indiscutível de exemplos e referências para apoiar as juventudes nas suas escolhas, especialmente em um cenário tão difícil como o que vivemos hoje: atualmente temos 27,1% dos jovens brasileiros desempregados e 1 em cada 4 gostaria de trabalhar, mas não consegue, por isso, desistiu de procurar por uma colocação. Quase metade dos 50 milhões de jovens de 15 a 29 anos quer deixar o País por falta de perspectivas (Atlas das Juventudes). É preciso garantir o acesso das juventudes às oportunidades para que não percamos o boom demográfico histórico que vivenciamos. O programa Competências para a Vida, da United Way Brasil, tem esse papel e o seu apoio e o da sua empresa são essenciais para que as oportunidades se multipliquem e possamos atender mais jovens como Adrielen, ajudando-os a se realizarem plenamente, como a Hellen e a Patricia. Pense nisto!