Do que as famílias precisam para cuidar das crianças nestes tempos?

É essencial criar ações intencionais para apoiar pais, mães e responsáveis a fim de que cumpram o seu papel no desenvolvimento integral dos pequenos, especialmente nesta fase complexa pela qual passamos. Confira que ações são estas, segundo Gilvani Pereira Grangeiro, especialista em primeira infância.

 “As famílias precisam de apoio e o tripé bem-estar físico, mental e social é essencial para que possam cuidar de forma plena da saúde das crianças”, explica Gilvani Pereira Grangeiro, Mestre em Saúde Materno Infantil pela Fiocruz, com formação em Liderança Executiva para o Desenvolvimento da Primeira Infância pelo Center on the Developing Child, da Havard University. Dentre outras atuações, Gilvani é consultora do programa Crescer Aprendendo, da United Way Brasil. 

Para ela, é fundamental criar espaços de escuta qualificada, compartilhar sentimentos e sensações, e refletir sobre temas que promovam a parentalidade positiva. 

O diálogo é o melhor caminho para se chegar até as famílias, para trocar experiências, para dividir preocupações e pensar soluções que superem os desafios decorrentes do distanciamento social gerado pela pandemia.

 “Ao conversarem com seus pares, mães, pais e responsáveis se sentem menos desconfortáveis com a situação complexa que vivenciam, porque percebem que não estão sozinhos e que outros passam pelos mesmos dilemas”, reforça.

Outro aspecto que Gilvani destaca como essencial é a possibilidade de encaminhar as demandas à rede de atendimento. “É importante que os profissionais mostrem às famílias os equipamentos públicos que podem ajudá-las a cuidar do seu bem-estar e de seus filhos e filhas. Além disso, esse movimento tende a demandar da rede de atenção ações que fortalecem os serviços para atender melhor a criança”, ressalta.

Gilvani também defende que este tempo de maior permanência em casa pode ser otimizado em favor do fortalecimento dos pais e cuidadores. Ao criar meios de levar informação e formação aos adultos, ampliam-se o olhar e o cenário da percepção das famílias sobre a importância dos seis primeiros anos para toda a vida da criança. 

Os efeitos da pandemia

Há mais de um ano e meio vivenciando o isolamento social, que retira as crianças do convívio saudável com seus pares e com outros adultos, são justificáveis as regressões no comportamento infantil que vêm ocorrendo com frequência, preocupando as famílias.

Um exemplo é o aumento da birra decorrente do pouco gasto de energia, pela falta da escola, muitas vezes, que gera diminuição da convivência social e comunitária. Retorno a estágios anteriores do desenvolvimento, como voltar a fazer xixi na cama depois de ter sido desfraldada, choros constantes, falta de sono e de apetite e apatia são alguns dos efeitos na criança de uma rotina de restrições. Ou seja, a saúde dos pequenos pode estar em risco.

Nesse momento, o papel da família faz toda a diferença. Acolher no lugar de isolar, envolver no lugar de confrontar, dialogar no lugar de castigar são alguns encaminhamentos que tendem a ajudar os dois lados dessa relação: a criança, porque se sentirá amada e respeitada, e o adulto, que terá meios positivos de lidar com questões difíceis trazidas pelo atual momento. Reforça-se assim a saúde emocional. 

Entender o cenário e ter estrutura para atuar positivamente no convívio com a criança são habilidades que nem todos os cuidadores possuem, por isso, eles precisam de estímulos para as desenvolverem, o que exige ações intencionais que promovam essa consciência e sensibilização.

Programa Crescer Aprendendo: estratégia para fortalecer a parentalidade positiva

“O Crescer Aprendendo oferece um espaço qualificado de escuta e diálogo com as famílias. Dá suporte psicológico e de segurança alimentar. Mesmo com ações virtuais, por conta da pandemia, consegue chegar aos pais e responsáveis por meio de informações lúdicas sobre temáticas fundamentais para a garantia da saúde plena de seus filhos e filhas”, opina Gilvani. 

Desde 2020, o programa migrou suas ações presenciais para o formato virtual e já atendeu a mais de 3 mil famílias, por meio de interações no WhatsApp, distribuição de cartões-alimentação e apoio de psicólogas. Também realiza lives com especialistas para promover interações e acesso a conhecimentos sobre questões primordiais ao desenvolvimento infantil.

“Neste momento ainda confuso, de retomadas e isolamento parciais, o programa apoia a família até na tomada de decisões conscientes, como a de mandar ou não suas crianças para a escola. O mais importante é dar informações de maneira didática que ajude os pais naquilo que irão realizar para garantir o melhor para seus filhos, especialmente as famílias mais vulneráveis, o público-alvo do programa”, reforça Sofia Rebehy, coordenadora do Crescer Aprendendo.

“Precisamos, cada vez mais, estruturar soluções que fortaleçam os cuidadores, ampliem seus conhecimentos e promovam a escuta. O Crescer Aprendendo tem essa missão, que vem cumprindo em 16 cidades de 5 estados, apoiando quase 2,5 mil famílias, em 2021”, ressalta Gilvani.

Clique aqui e conheça mais sobre o programa: https://uwb.org.br/o-que-fazemos/nossos-programas/crescer-aprendendo/

Navegue pelos temas sobre primeira infância e use esse conhecimento no seu trabalho pelo desenvolvimento infantil: https://uwb.org.br/crescer-aprendendo-digital/

E fique ligado: no dia 27 de agosto, das 17 às 18h, nas redes sociais da United Way Brasil, participe da live “A importância da parentalidade na promoção do desenvolvimento infantil”. Não perca!