No dia 24 de setembro, a convite do programa Crescer Aprendendo, da United Way Brasil, Alexandre Coimbra, Daniel Becker e Maria Beatriz Linhares dialogaram sobre como os pais podem apoiar seus filhos neste momento da pandemia, sem perder de vista os limites, o uso moderado das telas e a calma com os comportamentos adversos das crianças.
“Cuidar das crianças em tempo de pandemia: o papel da família” foi a primeira de uma série de lives que serão realizadas pelo programa Crescer Aprendendo, de primeira infância, da United Way Brasil.
A inciativa faz parte da estratégia de formação de quase 3 mil famílias em situação vulnerável de 12 cidades, em 4 estados, que recebem conteúdos diários sobre desenvolvimento infantil, por meio de grupos no WhatsApp.
Durante o evento, temas como a flexibilização com relação a limites e rotinas no isolamento social, eventos de birra e irritabilidade, briga entre irmãos, a forma como regular as emoções das crianças e dos adultos permearam a discussão.
O estresse e cansaço dos pais e cuidadores também foram abordados com dicas de como não perder a paciência quando a criança tem um comportamento inadequado: sair de cena, respirar fundo, pensar um pouco e voltar mais calmo, chamando ao diálogo.
“As crianças podem não ter sido impactadas pela doença do vírus, mas foram impactadas em cheio no lado emocional. Elas estão sofrendo. Elas precisam brincar ao ar livre, perderam o contato com os amigos, com a escola. A gente pode falar com outro adulto para compartilhar nossas angústias. As crianças, não. Elas não conseguem se expressar. E aí regridem, voltam a fazer xixi na cuequinha ou calcinha, comem demais, ou não querem comer, sentem cansaço, fazem birra… Comportamentos que expressam o medo que está dentro delas. Primeira coisa é acolher essa criança. Ela pode e tem direito de sentir raiva, porque, no fundo, essa raiva é a angústia que ela sente. Brigar com ela não adianta. Nós somos os adultos. Nós podemos nos controlar, mesmo com raiva também. A melhor maneira de curar tudo isso é brincar e, se possível, ao ar livre”, explica o pediatra Daniel Becker.
Sobre a agressividade, especialmente entre irmãos, Beatriz Linhares explica: “Se a criança tem dois anos e está ali disputando um brinquedo, isso se chama agressividade instrumental. Os adultos têm um papel importante para ensinar a criança a compartilhar, a ser cooperativo. Mas a criança maior pode ter uma agressividade mais hostil, de querer agredir para machucar. De novo, os pais também têm um papel importante nesse momento, porque é hora de ensinar a se relacionar, mediando esse processo que a criança está exercitando. Aprender a se colocar no lugar do outro”.
Não rotule a criança
Uma das questões trazidas pelo público foi sobre a inquietação das crianças, que nesta fase estão mais agitadas e não param nunca, deixando os pais sem saber o que fazer. A agitação pode estar ligada à angústia que a criança sente com toda a situação atual. Alexandre Coimbra reforça que “muitas vezes queremos entender as angústias da criança e dar conta delas. É muito difícil que a gente entenda, o que gera angústia na gente. Por isso, não devemos guardar as nossas angústias. É importante buscar pessoas perto de você que você acha que podem te ajudar a entender seu filho, a não julgar seu filho, a não colocar um rótulo no seu filho, porque, na hora que a gente resolve uma angústia com um rótulo – ‘ele é danado’, ‘ele é preguiçoso’ –, quando a gente coloca esses rótulos, a gente deixa de escutar a criança, a gente perde a curiosidade de entender que pessoa é aquela e o que está acontecendo com ela”.
Durante uma hora, os especialistas puderam levar às famílias do programa e demais internautas informações importantes para qualificar a relação familiar, dentro de um contexto tão complexo imposto pela pandemia.
A interação do público com perguntas e comentários, tanto na página da United Way Brasil no Facebook como na do YouTube, mostrou não só o interesse pelo tema, mas como essas famílias precisam e querem apoio para zelar pelo desenvolvimento de seus filhos. Também denotou que elas se sentiram contempladas pelo evento, foram escutadas e puderam falar de suas dores, justamente porque os especialistas esmiuçaram questões cruciais de suas relações com seus filhos e filhas.
Durante a transmissão, 550 pessoas assistiram a live, sendo que, no Facebook, mais de 3.700 pessoas foram alcançadas, com 941 visualizações e 426 comentários. No YouTube, a live teve 2.500 visualizações.
O evento contou com o apoio das empresas parceiras do programa Crescer Aprendendo, Ecolab, Lear, O-I, P&G, Phoenix Tower e 3M.
Para assistir ou rever a live, é só clicar em um dos links:
Facebook: https://www.facebook.com/unitedway.brasil/videos/2387819868180610