O dia 12 de agosto marca o papel essencial da juventude no desenvolvimento sustentável do planeta. No entanto, no Brasil, os jovens têm sido impactados negativamente pelas desigualdades sociais e por adversidades, como a pandemia.
Embora seja óbvio que a juventude de hoje vai formar as próximas gerações de adultos, de pais e mães e de trabalhadores de nosso país, dados de pesquisas têm mostrado que as chances para que os jovens se tornem pessoas reconhecidas e realizadas são ainda muito escassas em nosso País, especialmente para aqueles que vivem em situação vulnerável, cercados por ambientes de risco social, com baixa escolaridade e poucas oportunidades dignas de trabalho.
Na maior metrópole do País, por exemplo, de uma população de mais de 3 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social, estão 812.916 jovens, sendo que 160 mil são responsáveis pelo domicílio onde vivem. Cerca de 484 mil estão sem emprego e sem oportunidade de estudo. O rendimento médio de um homem negro com 18 anos ou mais é de R$ 1.300. A mulher negra recebe a média de R$ 982,00 (menos de um salário mínimo). Ambos estão distantes do rendimento médio do homem branco (R$ 3.268) e da mulher branca (R$ 2.168).
Dados como estes são reflexos da desigualdade social que atinge todo o País, mas que também está fortemente presente na cidade – e quem tem aumentado com a pandemia. Também refletem a trajetória educacional da juventude local: 26% não têm instrução, 24% possuem o Ensino Fundamental completo ou o Ensino Médio incompleto e apenas 13% terminaram o Ensino Superior.
Estas informações, colhidas em 2020, antes da Covid-19, estão contidas na pesquisa realizada pela Accenture Development Partnership para a United Way Brasil e traçam um cenário de oportunidades. Isto mesmo: do total da população de jovens em situação de vulnerabilidade (mais de 812 mil), cerca de 765 mil são potenciais cidadãos para conquistar trabalho e estudo de qualidade, já que pouco mais de 47 mil desse grupo vulnerável possuem superior completo e emprego formal.
Trabalho colaborativo em rede
A pesquisa da Accenture é um dos pilares das evidências que vão orientar as ações do programa “O Futuro é Jovem” (adaptação em português para Global Opportunity Youth Network – GOYN). A iniciativa do Aspen Institute, implementada em seis cidades no mundo, tem como objetivo fazer a inserção produtiva de jovens (15-29 anos) em situação de vulnerabilidade social por meio da educação, do trabalho digno e do empreendedorismo, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, com destaque ao objetivo 8: “Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos”. O polo de São Paulo é o último que se juntou a essa comunidade global e quer otimizar as diferentes possibilidades que a cidade oferece para atender a juventude das periferias e das regiões menos favorecidas.
Na cidade, a iniciativa é articulada pela United Way Brasil que está catalisando atores importantes dos três setores para o desenho das intervenções sistêmicas. A ideia é criar uma ampla rede colaborativa que possa contribuir ao propósito do programa, com base em dados sobre o perfil do jovem que se quer atingir e o ecossistema em que ele está inserido e que pode apoiá-lo. Todo esse mapeamento vem sendo realizado há seis meses.
Jovens protagonistas
O programa abriu um edital para convidar jovens que desejassem participar da iniciativa. Os que foram selecionados têm recebido formação para entender a proposta e, nessa fase, atuar ativamente na construção e concretização das ações.
Isto porque o programa quer trazer o jovem como um agente co-construtor e direcionador não apenas das estratégias, mas de como elas serão implementadas, sendo percebido como protagonista muito mais do que como beneficiário.
As escolhas das estratégias foram realizadas por um grupo de mais de 45 organizações que participaram de um processo colaborativo. A próxima etapa vai envolver um trabalho em mesas que, ainda este ano, irá desenhar e viabilizar a implementação de protótipos. Em 2021, será a fase de implementação inicial dos projetos, fornecendo os subsídios necessários às ações de 2022, quando as intervenções que se mostrarem sustentáveis e sistêmicas serão aceleradas e escaladas para beneficiar o maior número possível de jovens em situação vulnerável, na cidade de São Paulo.
Para obter mais informações sobre o programa O Futuro É Jovem e a rede colaborativa que o fará acontecer, entre em contato com: daniela@uwb.org.br ou ofuturojovem@gmail.com