Café Goyn lança publicação sobre desafios e oportunidades para a inclusão produtiva de jovens

Evento realizado em 23 de abril reuniu especialistas para comentar os achados da pesquisa “Desafios e Oportunidades para a Inclusão Produtiva de Jovens-Potência na cidade de São Paulo”, realizada pelo GOYN SP em parceria com a Accenture.

Racismo estrutural, evasão escolar, crise laboral e lacuna digital, os quatro temas que permearam o diálogo da segunda edição do Café GOYN SP, são os eixos-chave trazidos pela publicação, lançada no Café, para mapear os desafios enfrentados pelas juventudes das periferias, e, também, olhar para as oportunidades que eles geram a fim de superar o déficit da inclusão produtiva dos mais de 700 mil jovens-potência da maior cidade do País. Os dados e a apresentação da pesquisa, na abertura do evento, foram complementados pelas reflexões trazidas por especialistas.

Para dialogar sobre racismo estrutural, foram convidados Kelly Quirino, Doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília, professora da disciplina Comunicação e Diversidade e Epistemologias Negras no bacharelado de Comunicação Organizacional da UNB e consultora em gênero e raça, e Hugo Sabino, membro do Centro de Promoção da Saúde (Cedaps) e líder do Programa Jovens Construtores pelo Brasil. 

Kelly apontou a importância de as instituições investirem no letramento racial porque “maximiza as potencialidades dos jovens e gera valor agregado junto ao mercado produtivo. O Brasil perde muitos talentos não olhando para isso”.  Segundo Hugo, é preciso focar “no que não é evidente, porque o racismo explícito a gente conhece. Por isso, é importante pautar esse olhar para enfrentar o racismo estrutural nas coisas que a gente já naturalizou”.

Monica Pinto, Gerente de Desenvolvimento Institucional da Fundação Roberto Marinho, Mestre em Educação pela PUC-RJ, com MBA pela COPPE/UFRJ, e membro do Conselho de Governança do GIFE, levantou importantes reflexões sobre o tema evasão escolar. Para ela, “antes de falar em evasão, precisamos olhar para a distorção entre idade e série. Se a gente abrir os microdados, os estudantes que abandonam a escola e ficam para trás são, em sua maioria, autodeclarados pardos e negros. A educação reproduz o racismo estrutural do País. É preciso criar políticas públicas intersetoriais, porque a educação é uma questão de toda a comunidade”.

Para falar sobre crise laboral, o terceiro eixo trazido pela pesquisa, o GOYN SP convidou Diogo Jamra Tsukumo, Gerente de Articulação do Itaú Educação e Trabalho, da superintendência da Fundação Itaú para Educação e Cultura, que atua há mais de 15 anos na articulação, concepção e implementação de políticas públicas de redução das desigualdades sociais. O diálogo contou com a participação de Henrique Medeiros, o Riqueza, jovem artista, da região do Grajaú, que integra o Núcleo Jovem do GOYN SP e o coletivo Vilani-se. Para Diogo, “é preciso pensar qual trabalho existirá no futuro. O que se sabe, é que os profissionais precisarão ser mais criativos, possuir habilidades de gestão e saber tomar decisões. O trabalho repetitivo está sendo automatizado e é o que hoje tem inserido mais jovens. Precisamos ter na pauta quatro tendências que vão impulsionar o mercado produtivo: inovação tecnológica, revisão das relações de trabalho, processo de globalização e mudanças demográficas”. Henrique usou o próprio exemplo para ilustrar a crise laboral na vida dos jovens: “Com toda essa situação, não consigo fazer a minha arte. Outro dia fui fazer um ‘bico’ que, segundo a pessoa que me chamou, era para terminar às 17h. Sai de lá às 22h depois de passar o dia descarregando caminhão. Sem benefícios, sem vínculo”, lamentou, explicitando o que o inquieta: “Me preocupa muito o futuro do trabalho para o jovem”.

Coube à Mariana Zuppolini, líder de Cidadania Corporativa para a América Latina na Accenture, cuja função é levar inovação ao setor social para transformar as comunidades, levantar reflexões sobre o último tema da pesquisa: lacuna digital. “O desafio-chave para inserir os jovens é garantir o mínimo de estrutura: internet e acesso às ferramentas tecnológicas que possam apoiá-los a também encontrar vagas de trabalho. Enquanto não se investir na tecnologia das periferias, a distância entre os jovens e o mercado de trabalho permanecerá muito grande”, afirmou.

Na plenária, insigths importantes

Depois das apresentações e falas dos especialistas, os participantes da segunda edição do Café GOYN SP foram convidados a escolher uma das quatro salas (uma para cada tema mapeado pelo estudo) para discutir ideias e soluções que contribuam à inclusão produtiva dos jovens-potência da cidade de São Paulo.

Na plenária, pontos trazidos pelos participantes resumiram as conversas. Na sala do tema racismo estrutural, o letramento racial foi evidenciado como um caminho necessário ao enfrentamento do preconceito e dos vieses inconscientes presentes das instituições. Com relação à evasão escolar, promover a educação integral e integrada e as políticas públicas intersetoriais é ponto de partida para gerar as mudanças necessárias. Sobre a crise laboral, os participantes trouxeram a importância de se investir em arranjos produtivos e na cadeia produtiva dos territórios para atender as necessidades das periferias. No que diz respeito à lacuna digital, a sala discutiu o quanto têm sido levadas para as experiências digitais as mesmas práticas excludentes da realidade offline.

Com o lançamento da pesquisa, o GOYN SP reforça a importância do trabalho colaborativo e coletivo para responder aos desafios que ainda excluem milhares de jovens-potência de postos dignos de trabalho. Por isso, conhecer esse mapeamento é essencial para que alcancemos o objetivo de, em 10 anos, incluir 100 mil jovens-potência no mercado produtivo da cidade e, consequentemente, diminuir a lacuna de desigualdades do país. 

Acesse a pesquisa, leia e compartilhe: https://www.goynsp.org/jovempotencia/

Saiba mais sobre o GOYN SP: https://uwb.org.br/o-que-fazemos/goyn/ 

Quer fazer parte? Então, clique aqui.