O desemprego é um dos muitos desafios que a sociedade brasileira tem enfrentado nos últimos anos, agravado pela crise sem precedentes, gerada pela Covid-19. Entre os grupos mais afetados estão os jovens. No Brasil, eles são 33 milhões (15 a 24 anos), ou seja, mais de 17% da população. Mesmo antes da crise sanitária, 23% deles estavam sem trabalho e sem estudo, sendo a maioria das periferias (Pnad, IBGE, 2020).
A falta de experiência e de educação de qualidade, a desvalorização das empresas sobre o potencial jovem, o despreparo técnico, as dificuldades de ir e vir (das regiões periféricas para os grandes centros), a escassez de recursos e de acesso à tecnologia, a autoestima em baixa e a desesperança em alta são alguns dos fatores que dificultam a entrada no mercado de trabalho e a continuidade da trajetória acadêmica das juventudes mais vulneráveis.
Por outro lado, nunca tivemos uma população tão jovem como a atual. Um momento único de nossa história que, em 20 anos, terá se perdido, com a inversão da pirâmide etária. Em 2040, o Brasil terá envelhecido e os jovens de hoje, sem carreiras profissionais consolidadas, tenderão a engrossar os índices de pobreza e informalidade.
Solução: parcerias, parcerias e parcerias
Os governos têm o dever de focar em políticas públicas que facilitem e promovam o acesso dos jovens aos postos dignos de emprego. Isso é fato. No entanto, também cabe à sociedade dar a sua parcela de contribuição para que o atual bônus etário de nossa população seja revertido em desenvolvimento humano para o país no médio e longo prazo.
A maneira mais eficaz de promover a inclusão produtiva dos jovens é por meio de parcerias entre os diferentes setores sociais, especialmente entre empresas e organizações que se dedicam à causa.
Todos ganham: os jovens se veem valorizados, inseridos no ecossistema produtivo e motivados para avançar no futuro e dar a sua contribuição ao desenvolvimento local. A empresa consegue vislumbrar e formar novos talentos, alocando-os em diferentes postos para construir equipes eficientes, inovadoras, criativas e compromissadas com bons resultados, além de fortalecer suas marcas com a adesão a uma causa relevante. Por fim, as organizações sociais cumprem o seu papel ao colocar a sua expertise a serviço de um bem-comum com forte influência na sustentabilidade social e econômica da nação.
Com essa perspectiva, a United Way Brasil, por meio do Programa Competências para a Vida, articula parcerias com empresas de diversos segmentos para atuar junto aos jovens na construção de seus projetos de vida, com base na formação para valores, desenvolvimento das competências socioemocionais e conhecimento das diferentes tecnologias. O objetivo é garantir postos de trabalho dignos, especialmente aos grupos mais excluídos – jovens negros e negras.
Resultados imediatos e permanentes
As estratégias aplicadas com os jovens envolvem conversas formativas, apoio de especialistas e mentorias realizadas voluntariamente por colaboradores das empresas parceiras, tudo a distância.
Os encontros seguem temas pré-definidos, que dialogam com as expectativas e necessidades dos jovens e discutem os desafios que irão enfrentar, como as entrevistas de recrutamento e os caminhos que precisam perseguir para concretizar objetivos. Também focam no autoconhecimento e na construção de uma sólida autoestima, além de trabalhar as habilidades relacionadas ao domínio das tecnologias.
“Participei da primeira turma de jovens do programa no Nordeste, em 2020. A mentoria ajudou muito. Pouco antes do último encontro do programa, fui chamada para uma entrevista de emprego. Fui escolhida na área que eu queria. A mentoria trouxe a segurança de volta. Eu precisava confiar mais em mim para fazer uma boa entrevista. Eu precisava acreditar de novo diante do contexto da pandemia, que trouxe tantas dúvidas e incertezas pra gente”, revela Lais Grazielle, de Pernambuco.
Samira Cristina, jovem de 19 anos, do bairro Francisco Morato, em São Paulo, ingressou no Competências para a Vida em março de 2021: “A formação do programa coloca a gente em contato com outras pessoas. Podemos nos conhecer melhor e aprender mais com diferentes perfis. As conversas têm me ajudado a entender meus pontos fortes e meus limites para que, em uma entrevista de emprego, eu fale sobre quem sou com mais propriedade”. Samira está empregada como jovem aprendiz, na área de vendas, mas tem planos de fazer faculdade de Pedagogia. Na conversa com a mentora, ela entendeu que precisa estar atenta às oportunidades que surgem e quais podem, de fato, colaborar para a realização desse sonho.
Fabio Solar, 20 anos, de Pernambuco, também ingressou no programa em 2021. “Toda vez que eu entro na sala virtual, eu não sei o que esperar, não sei o que levarei dali. Quando a aula termina, paro e penso: ‘Poxa! É isto que tenho agora, é isto que eu agreguei para a minha vida’, porque sempre traz algo novo e importante. Não imaginava que podia aprender tanto sobre mim mesmo, sobre minha personalidade. Quanto mais sei quem eu sou, mais vou moldando o meu projeto de vida. O aprendizado é tão natural e espontâneo que a gente absorve as coisas, contribui com a aula e troca experiências com os profissionais mentores. Amigos meus já passaram pelo programa e hoje estão empregados”, conta.
Atualmente, o Competências para a Vida está apoiando o desenvolvimento integral de 60 jovens das cidades Francisco Morato (SP) e Jaboatão dos Guararapes (PE), em parceria com as empresas Eli Lilly, PwC e Morgan Stanley.
Para o segundo semestre, a iniciativa quer beneficiar mais 300 jovens e abrir caminhos à empregabilidade dessa geração de talentos únicos. Sua empresa pode ajudar nessa missão. É só entrar em contato conosco e fazer a diferença!