Jovens e mentores do programa da United Way Brasil avaliaram a iniciativa e afirmaram que a experiência realizada no primeiro semestre trouxe perspectivas e confiança sobre o futuro, apesar da Covid-19
A juventude foi amplamente impactada pela pandemia, especialmente os grupos das periferias. Mesmo antes da Covid-19, essa população enfrentava diferentes desafios: escolas nem sempre acessíveis ou com ensino de qualidade, dificuldade de transitar pela cidade, devido às distâncias e a escassez de recursos, falta de oportunidades de emprego digno… Todas essas questões foram ampliadas durante o isolamento social. Além disso, muitos jovens não contam com um ambiente familiar saudável.
Vivenciar o isolamento social, e todas as suas consequências, em uma fase da vida em que sonhos, planos e esperanças movem o indivíduo, é experimentar, para muitos, um “banho de água fria” nas expectativas de presente e futuro.
Consciente dessa realidade, o Programa Competências para a Vida (para jovens de 16 a 25 anos), da United Way Brasil, passou de um modelo de intervenção híbrido (reuniões formativas presenciais e a distância) para o formato digital. Nessa configuração, os conteúdos, pensados especialmente para a juventude, são discutidos por meio de encontros on-line com mentores e educadores.
O foco das ações é apoiar o jovem neste momento complexo para que, no lugar de se sentir isolado e sem perspectivas, possa repensar seus propósitos e estabelecer caminhos para um plano de vida. Isso significa dar sentido ao isolamento social a fim de que se torne uma oportunidade de fortalecimento e não um tempo de insegurança e ansiedade. Essa forma de encarar a pandemia, intenção do programa, foi reconhecida pelos participantes em uma avaliação feita com os jovens.
Já para os mentores, profissionais das empresas parceiras da United Way Brasil, que dedicam tempo e conhecimento à causa de forma voluntária, a experiência trouxe vários aprendizados. Segundo eles, poder rever suas trajetórias, a maioria semelhante às dos jovens, e valorizar as conquistas obtidas até então, fez toda diferença. Esse autorreconhecimento não só fortalece a autoestima dos profissionais, como é uma referência positiva para os jovens mentorados, que percebem a importância da resiliência e da paciência para avançar na conquista de seus objetivos.
Principais resultados da avaliação
A turma que participou do Programa Competências para a Vida, no primeiro semestre de 2020, é formada por 46 jovens, na faixa de 17 a 24 anos, atendidos pelos programas sociais da Associação União da Juta (Sapopemba, em São Paulo) e Fraternidade Santo Agostinho (Jundiapeba, em Mogi das Cruzes).
Dos participantes, 68% são do sexo feminino (25% são mães), 66% declararam-se negros, 27% estão estudando, 73% não trabalham, 55% estão sem trabalho e não estudam.
Da totalidade dos jovens, 70% vivem em famílias com renda familiar de até dois salários mínimos.
Quando a mentoria foi iniciada, 44% dos jovens queriam arrumar um emprego só para pagar as contas. Ao final do processo, essa porcentagem caiu para 29%. Trabalhar em uma atividade de que goste era o objetivo de 21% dos participantes, antes de iniciar as mentorias. Após a experiência, essa porcentagem aumentou para 32%, indicando que a autorrealização passou a ter maior peso nos seus planos de vida.
Sobre a experiência nesses meses de mentoria, os 100% dos jovens disseram que saíram dela fortalecidos, com uma melhor autoestima, mais confiantes sobre suas capacidades. Também foram unânimes em afirmar que o programa os ajudou a pensar no futuro e em metas, para além da pandemia. Já 97% afirmaram ter adquirido novos conhecimentos e que participar do programa irá ajudá-los a conseguir emprego. “O programa me ajudou muito a pensar no futuro novamente, coisa que eu havia parado de pensar. Me fez sonhar outra vez, e desejar ser alguém na vida outra vez”, revelou um dos jovens, na pesquisa.
Os mentores, colaboradores das empresas Lilly, PwC e Morgan, também responderam a uma pesquisa: 96% deles disseram que não só indicariam o Programa Competências para a Vida a um amigo como também participariam dele novamente. A maioria, 88%, acredita que esse trabalho voluntário com os jovens ampliou sua consciência social e a reflexão de como contribuir para minimizar as desigualdades.
Ouvir os jovens e fazer as atividades propostas levou muitos mentores a revisitar suas vidas, suas trajetórias e repensar o posicionamento no trabalho.
Para o segundo semestre, o programa vai avançar, atendendo 100 jovens da Associação Pró-Morato (SP), dos coletivos Vila Rica e Cabo, em Recife (PE), e de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo, que contarão com sessões de mentoria com 65 profissionais voluntários de empresas parceiras.